Fim da alergia ao ovo? Cientistas criam opção "antialérgica"
Pesquisadores japoneses utilizaram método de edição de DNA para criar galinhas que botam ovo sem proteína da clara responsável por reações
Por Agências Publicado em 20 de maio de 2023 | 10h55 - Atualizado em 20 de maio de 2023 | 10h55
Ovos que podem ser consumidos por quem é alérgico a esse alimento acabam de se tornar realidade em laboratório, afirmam pesquisadores japoneses. Usando um método preciso de edição do DNA, a equipe de cientistas da Universidade de Hiroshima criou galinhas cujos ovos não produzem a proteína da clara responsável pela maioria dos casos de alergia.
Análises detalhadas sobre o ovo não alergênico acabam de sair no periódico especializado "Food and Chemical Toxicology". No estudo, liderado por Ryo Ezaki, o grupo de cientistas mostrou que é possível "desligar" a produção da proteína ovomucoide, que corresponde a pouco mais de um décimo do conteúdo proteico das claras dos ovos.
Pessoas alérgicas que consomem a proteína ovomucoide podem ter episódios de vômito, problemas respiratórios e inchaço no corpo, entre outros sintomas. A molécula está presente ainda nas vacinas contra a gripe produzidas a partir de ovos de galinha, o que faz com que, muitas vezes, as pessoas com alergia acabem não recebendo essa imunização.
Ezaki e seus colegas iniciaram o processo de produção dos ovos modificando o DNA dos embriões de galinha, por meio de moléculas designadas pela sigla Talens. Grosso modo, elas podem ser comparadas a tesouras moleculares, sendo capazes de reconhecer sequências específicas de "letras" de DNA e cortá-las de modo relativamente preciso.
No caso do trecho de DNA que contém a receita para a produção da proteína ovomucoide, o uso das Talens produziu uma mutação que bagunçou completamente a leitura da receita molecular pelo organismo.
Imagine, por exemplo, um livro de receitas no qual a frase "Acrescente leite" fosse lida a partir da terceira letra da primeira palavra, virando "rescente leite". A frase deixaria de fazer sentido --e, no caso do DNA, isso significa que a proteína ovomucoide deixa de ser produzida pelo organismo das galinhas geneticamente modificadas.
"Para poder usar os ovos dessas galinhas na alimentação é preciso avaliar a segurança deles primeiro", destacou Ezaki em comunicado oficial sobre o estudo. Por isso, a equipe japonesa usou uma série de técnicas de biologia molecular para entender como a modificação genética afetou as características dos ovos.
Eles empregaram, por exemplo, anticorpos projetados para aderir à proteína ovomucoide, e nenhum deles conseguiu "pescar" qualquer pedaço dessa molécula quando foram aplicados à clara dos ovos das galinhas cujo DNA foi alterado.
Além disso, os pesquisadores conduziram uma análise completa do DNA dos galináceos, verificando que as técnicas de edição genética não parecem ter modificado regiões funcionais além da que está ligada à proteína ovomucoide. "Os ovos postos pelas galinhas não mostraram nenhuma anormalidade evidente", destacou Ezaki.
Segundo o pesquisador, os dados atuais já permitem concluir que os ovos geneticamente modificados podem ser consumidos por pessoas alérgicas quando usados como ingredientes em alimentos cozidos.
No entanto, como até quantidades muito pequenas da proteína ovomucoide são capazes de provocar reações em algumas pessoas, a equipe japonesa planeja fazer mais testes de segurança antes de considerar que os ovos podem ser consumidos in natura sem sustos.
O que pode ocorrer com alérgicos
Reações alérgicas merecem atenção desde os primeiros sintomas e podem levar pode levar à anafilaxia, quadro caracterizado pela presença de sintomas em mais de um órgão. Em alguns casos, há comprometimento das vias aéreas e sintomas cardiovasculares, eventualmente resultando no choque anafilático - queda brusca da pressão arterial, que pode ser fatal.
(Reinaldo José Lopes/Folhapress)
Alergia a ovo: saiba as causas, sintomas e como tratar
O ovo é conhecido por sua excelente fonte de proteínas, além de atuar no fornecimento de outros nutrientes importantes à saúde ao nosso organismo, tais como vitaminas A, do complexo B, D, E, K, além de sais minerais como cobre, ferro, zinco e selênio.
E, além de ser extremamente nutritivo em nossa alimentação, ele também é prático e versátil, podendo ser um grande quebra-galho no preparo de refeições rápidas e, ainda, com a possibilidade de ser consumido das mais diferentes maneiras, seja frito, cozido, mexido, em pó, poché, gemada, omelete e até como ingredientes principais de inúmeras receitas doces e salgadas, como tortas e bolos.
No entanto, nem todas as pessoas podem aproveitar os benefícios desse poderoso alimento na sua alimentação, por sofrerem da chamada alergia a ovo. Já ouviu falar em alguém que tenha alergia a ovo? Pode parecer estranho, mas esse é um tipo de alergia bastante comum – e, provavelmente, até você pode ter chegado a esse artigo pelo mesmo motivo.
A alergia a ovo é mais comum em crianças. Segundo o Colégio Americano de Asma e Imunologia (ACAAI, em inglês), a doença normalmente é desenvolvida pelo fato de o organismo ficar sensível e apresentar uma reação exagerada às proteínas existentes nas gemas e claras dos ovos.
Fonte:https://ovo.blog.br/alergia-a-ovo/
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