INTOLERÂNCIA OU ALERGIA AO LEITE

Cólicas, diarreia e tosse, entre outros sintomas, podem indicar que seu filho não digere bem o leite

Intolerância ou alergia: saiba identificar quando o leite faz mal a seu filho

Desconforto abdominal, vômitos e baixo ganho de peso, entre outros sintomas, podem indicar que o bebê está com dificuldade para digerir o leite, seja ele materno ou não. Apesar de terem manifestações parecidas, o problema pode ter duas explicações distintas: intolerância à lactose ou alergia a esse alimento tão essencial ao desenvolvimento da criança.
Para que o leite possa ser bem aproveitado, o organismo produz uma enzima chamada lactase, capaz de quebrar a proteína do leite (a lactose), que é uma molécula de açúcar. Em pedaços menores, a lactose pode ser absorvida pelo corpo. Mas se a criança produz pouca lactase, a proteína do leite chega intacta ao intestino, fermenta e provoca cólica, gases, diarreia entre outros sintomas.
“A intolerância acontece, geralmente, depois de um ou dois anos de idade, quando a criança começa a ter contato com o leite de vaca”, explica o pediatra Roberto Issler da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Sem dúvida, o leite de vaca e o de cabra são as fontes mais ricas em lactose, mas o leite humano não é isento dessa proteína --e é o mais indicado para o bebê. “Geralmente, a lactose do leite humano não provoca danos”, diz Issler. Quadro que muda se a mãe consumir muito leite ou derivados. Nesse caso, uma grande quantidade de lactose passará para a criança quando ela for amamentada.
Se o bebê produzir lactase em quantidade suficiente, isso não será um problema. Caso contrário, os sintomas aparecem. “Com o diagnóstico de intolerância confirmado, a mãe deve fazer uma dieta isenta de lactose para evitar que grandes quantidades da proteína sejam transmitidas ao filho. Assim, os sintomas vão desaparecer e a criança deixa de sofrer”, explica a pediatra Lilian Zaboto, coordenadora do departamento de obesidade infantil da Abeso (Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica).
Não é uma tarefa fácil, uma vez que a mãe deve evitar não apenas o consumo de leite, mas também receitas em que ele seja um dos ingredientes. Mas vale a pena o esforço. “Os sintomas costumam sumir semanas ou meses após a suspensão do leite da dieta materna.”

Os principais sintomas
da intolerância:

Diarreia
Cólica
Excesso de gases
Constipação intestinal
Dificuldade para ganhar peso

O leite certo
A situação de crianças que não podem ser amamentadas por algum motivo é mais delicada. A primeira orientação é nunca dar leite de vaca ou de cabra ao recém-nascido. Isso porque a composição deles é muito diferente da do leite materno, o que pode, além de não nutrir da forma correta, causar uma série de reações no organismo da criança. A solução, nesse caso, é usar as fórmulas específicas para bebês, que se aproximam ao máximo do leite materno. “Se o bebê for diagnosticado como tendo intolerância à lactose, é preciso escolher formulações que sejam isentas dessa substância, disponíveis no mercado”, diz Lilian Zaboto.
Ainda não se sabe exatamente o que leva uma criança a desenvolver intolerância à lactose. Em algumas situações, é uma condição genética, por isso. se os pais apresentam o problema, é preciso ficar mais atento ainda. Mas, na maioria das vezes, trata-se de uma situação transitória. Com o tempo, o organismo infantil amadurece e a intolerância desaparece. “O problema costuma persistir até por volta do dois anos de idade. Alguns casos se resolvem entre os cinco e os nove anos e, bem raramente, mantêm-se até a adolescência”, explica a gastropediatra Cylmara Gargalak Aziz, do Hospital São Luiz, em São Paulo.
Pode também acontecer o contrário: crianças ou adultos que não sofreram com o problema nos primeiros anos de vida manifestarem o quadro de intolerância mais tarde. Isso ocorre porque o organismo para de produzir lactase em quantidade suficiente, ou por causa do envelhecimento ou por lesões no sistema digestivo.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, em 2009, mostrou que pessoas com ancestrais que viviam em locais onde o leite era abundante e higienizado, como a Europa, apresentam uma facilidade maior para digerir o leite. Por outro lado, aqueles cujos ancestrais habitavam regiões mais quentes ou com incidência de doenças nos rebanhos antes de 1900 apresentam maior grau de intolerância à lactose. A conclusão é que, de geração para geração, o organismo dessas pessoas foi perdendo a capacidade de produzir lactase.

Os principais sintomas
da alergia:

Cólica
Diarreia
Vômito
Sangue nas fezes
Manchas vermelhas na pele
Coriza
Tosse
Rinite

Alergia é outra história
Em alguns casos, o leite faz mal à criança, mas não porque ela apresente intolerância à lactose. Ela pode sofrer de alergia ao alimento, quadro mais comum em crianças pequenas. Segundo estudo da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, cerca de 7% das crianças de 0 a 2 anos têm alergia ao leite, geralmente ao de vaca. É uma das alergias mais comuns na infância.
Os sintomas são muito parecidos com o da intolerância, mas tendem a aparecer de modo bem mais intenso. O médico definirá quando se trata de intolerância ou alergia com base no quadro clínico apresentado pela criança. No caso da alergia, a vilã não é a lactose, mas uma proteína chamada caseína. O corpo a enxerga como um elemento estranho e coloca em ação o sistema imunológico, que passa a atacá-la. Esse exército de defesa acaba por afetar outras regiões do corpo, como o sistema digestivo, e provoca sintomas que parecem não ter nada a ver com o leite, como a rinite e a tosse.
O tratamento é muito parecido com o da intolerância. A maior parte das fórmulas não apresenta caseína em sua composição, mas o melhor é verificar com o pediatra uma que seja totalmente isenta da substância e, portanto, segura no caso de alergia. “No caso de crianças que mamam no peito, a solução é, mais uma vez, fazer mudanças na dieta da mãe, eliminando o leite, derivados e demais produtos dos quais ele faça parte”, diz Lilian Zaboto.
Fonte:http://mulher.uol.com.br/

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