DIETA DOS ALIMENTOS VIVOS


DIETA DOS ALIMENTOS VIVOS


Melhora da imunidade, da digestão e das alergias está entre as promessas do crudivorismo, uma dieta que não admite cocção, misturas, aquecimento ou temperos


Texto: Cristina Almeida/ Fotos: Fabio Mangabeira/ Adaptação: Letícia Maciel
A dieta dos alimentos vivos inclui todo o tipo de frutas, vegetais, sucos e alguns laticínios
não pasteurizados, nozes cruas, brotos, grãos, legumes, aveia umedecida, algas marinhas
e coco fresco.
Foto: Fabio Mangabeira
"Para livrar-se da doença, é preciso suprimir o uso do fogo na preparação dos alimentos.” A frase, atribuídaa Gandhi, é um dos argumentos utilizados pelos adeptos do consumo de comidas cruas sobre os benefícios de uma dieta vegetariana que se baseia em três “Ves” – vegetal, variada e viva: o crudivorismo. Para os praticantes desse regime alimentar, cozinhar alimentos significa romper essa cadeia natural e, embora a descoberta do fogo tenha possibilitado o consumo de opções mais macias e saborosas, também deu oportunidade à alteração na estrutura dos alimentos, coagulando proteínas e destruindo micronutrientes e enzimas. A dieta ganhou seguidores em todo o  mundo por ser considerada um verdadeiro modeloantienvelhecimento. Porém não é uma invenção moderna. Os essênios, membros de ordem religiosa da época de Cristo e que se dedicavam a um estilo de vida ascético, já pregavam os benefícios dessa prática. Na Europa, no início do século XVIII, médicos  e expoentes da higiene natural indicavam maior consumo de frutas, verduras, sementes oleosas e cereais em flocos como elementos garantidores da boa saúde.

Boa digestão

Na opinião da nutricionista funcional Priscila di Ciero, um dos benefícios da dieta é a facilidade de digestão e absorção de nutrientes. Isso significa maior consumo de fibrasantioxidantes, além do melhor aproveitamento de  propriedades anti-inflamatórias. “O risco é o desenvolvimento de anemia por deficiência de ferro (seja por baixas fontes na dieta, seja por má absorção decorrente de muita fibra) e de outros nutrientes, como zinco e vitamina B12, ambos importantes na função imunológica”, observa. Outro aspecto favorável da boa digestão é a possibilidade de maior consumo de alimentos, sem o risco de aumento de peso. “Uma dieta que inclui proteína animal e gorduras é mesmo mais difícil de digerir. No crudivorismo esse problema não existe”, explica Priscila Di Ciero. Contudo, apesar desses atributos, a chef americana Bethenny Frankel, especializada em cozinha natural e autora do livro The skinnygirl dish - easy recipes for your naturally thin life [Os pratos da garota magra – receitas fáceis para uma vida naturalmente magra], ainda não traduzido para o português, conta que tentou ser crudivorista por um ano. Concluiu que o movimento é antissocial e difícil de ser seguido. “É caro, em razão da qualidade dos alimentos sugeridos, trabalhoso, e o praticante deve ter tempo para fazer a sua própria comida para carregá-la consigo.

Cozido, mas não muito

É preciso observar que o veto de cozimento não é absoluto. A cocção pode até acontecer, desde que se respeite a temperatura máxima de 47ºC. Helena Simonard, professora do curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), lembra que, muitas vezes, o cozimento dos alimentos está relacionado a questões higiênico-sanitárias. A prática mata bactérias patogênicas, deixando o alimento mais seguro. “Imaginem uma pessoa internada com problemas digestivos. A cocção dos alimentos altera a textura para que eles se tornem mais brandos e facilitem a digestão”, explica. Para pesquisadores de Evolução Biológica da Universidade de Harvard (EUA), existem evidências de comprometimento fisiológico entre indivíduos que adotam dietas cruas. Um estudo realizado em 2009, e publicado pelo Journal of Human Evolution, concluiu: “Os mecanismos que contribuem para a energia a ser adquirida a partir da cocção incluem o aumento da digirebilidade do amido e da proteína... além da redução dos custos energéticos de desintoxicação e defesa contra patógenos”. De acordo com esses cientistas, o ato de cozinhar, ao contrário do sugerido pelos crudivoristas, teria levado à elevação da disponibilidade de energia dos alimentos.



Basta lavar e comer


Na hora do preparo do cardápio vivo, a higiene deve ser cuidadosa e começa já no momento da compra dos alimentos, o que significa conhecer sua procedência. A lavagem dos vegetais deve ser feita em água limpaescovinha macia e uso de facas e demais talheres devidamente higienizados. “Esses são os primeiros passos para que se evitem toxinfecções”, ensina Helena. “Ao nos alimentarmos, mãos, local, mobiliário e utensílios limpos são os princípios fundamentais da boa saúde”, conclui.

O veto do cozimento não é absoluto, o cozimento pode ser
feito, respeitando a temperatura máxima de 47°.
Foto: Fabio Mangabeira
Quatro passos para higienizar

1-As mãos devem ler lavadas antes e depois de manusear os alimentos crus ou em qualquer mudança de atividade.

2-Frutas, verduras e legumes devem ser lavados em água corrente, limpa e tratada. Pode-se também utilizar uma escova macia nesse processo para retirar os resíduos.

3-Para desinfetá-los, utilize o seguinte procedimento: para cada 1 litro de água, adicione 1 colher (sopa) de água sanitária (2% a 2,5%), sem cheiro, sem corante, sem detergente e de procedência própria para alimentos (confira os rótulos).

4-Deixe os alimentos nessa solução por aproximadamente 15 minutos e não se esqueça de enxaguar em água corrente.
Fonte:http://revistavivasaude.uol.com.br/nutricao/dieta-dos-alimentos-vivos/486/

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