Os 15 principais alimentos ricos em sódio e quando o mineral passa a trazer riscos à saúde
Consumo médio de sal do brasileiro ultrapassa as recomendações das autoridades sanitárias; excesso eleva chance de doenças cardiovasculares e insuficiência renal
Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro
21/02/2023 04h30 Atualizado há um ano
O sódio é um mineral indispensável para o funcionamento do corpo humano, porém quando em excesso passa a trazer uma série de riscos à saúde do organismo. Especialistas explicam que é importante saber a quantidade orientada pelas autoridades sanitárias de ingestão diária, e como medir esse total a partir da alimentação, especialmente no contexto em que a maior parte das pessoas ultrapassa os limites.
Por isso, pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, com o apoio do Instituto para o Avanço das Ciências Alimentares e Nutricionais, fizeram um estudo em que identificaram as 15 principais categorias de comidas que funcionam como uma fonte de sódio no dia a dia. Publicado na revista científica Nutrients, o trabalho envolveu a análise de sete mil americanos a partir da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos.
Eles observaram que as 15 categorias representam mais da metade (50,38%) de todo o sódio consumido pela população. “Esses dados são importantes à luz das Metas Voluntárias de Redução de Sódio da FDA (agência reguladora dos EUA), que trazem um foco renovado sobre a importância de limitar o sódio no suprimento de alimentos e podem ajudar a concentrar esforços futuros”, afirma Mavra Ahmed, pesquisadora do departamento de Ciências da Nutrição da Universidade de Toronto, e autora do estudo.
— As recomendações das autoridades sugerem até 5g de sal por dia, que tem como um dos componentes o sódio. O problema é que no rótulo dos produtos, na maioria das vezes, não vem o sal, mas apenas o sódio, cujo orientado é apenas 2g por dia. Então ao olhar o rótulo tem que saber analisar essas diferenças para saber o total que está sendo consumido — explica o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, presidente do Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN), em São Paulo.
Nas primeiras posições da lista elaborada pelos pesquisadores canadenses estão a pizza (5,3% do sódio); pães e derivados (4,7%); frios e carnes curadas, como presunto e salaminho (4,6%); sopas (4,4%); burritos e tacos (4,3%) e salgadinhos (4,1%). Em seguida, estão aves (4,0%); queijos (3,1%); massas (2,9%); hambúrgueres (2,5%); carne (2,5%); biscoitos, brownies e bolos (2,4%) e bacon e salsichas (2,4%). Por fim, estão vegetais (2,2%) e nuggets de frango (1,5%).
— O sódio é muito importante no organismo, ele é responsável por manter o equilíbrio de diversos mecanismos do corpo, o ruim é o excesso. Ele aumenta a retenção de água, causando um maior volume sanguíneo, que traz uma sobrecarga para o coração. Pela retenção de água, você também pode perceber inchaços no corpo, nos pés, nas mãos — explica a nutricionista Priscilla Primi, colunista do GLOBO e mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
Ainda assim, os responsáveis pelo novo estudo apontam que quase 90% dos americanos consomem quantidades de sódio além das orientações. No Brasil, alguns trabalhos mostraram que o consumo médio é de aproximadamente 10g de sal por dia, o dobro do recomendado.
— Esse excesso está relacionado principalmente com a hipertensão arterial (pressão alta), que por sua vez provoca doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC), doença arterial coronariana e doenças tromboembólicas de uma forma geral. Ele também sobrecarrega os rins, podendo causar insuficiência renal — diz Magnoni.
Segundo uma revisão de mais de 30 estudos com cerca de 600 mil participantes, conduzida por pesquisadores da Universidade Nacional de Taiwan e publicada também na Nutrients, aqueles que consomem sódio em excesso têm um risco cerca de 20% maior de desenvolver problemas cardíacos do que as pessoas que obedecem às orientações. Além disso, esse risco aumenta em 6% para cada 1g extra na ingestão diária.
Os especialistas ouvidos pelo GLOBO destacam que, assim como nos Estados Unidos, no Brasil o maior problema também é o consumo dos ultraprocessados — alimentos que envolvem formulações industriais e passam por uma série de processos antes de estarem próprios para o consumo. Eles são característicos pelo baixo teor nutricional e por serem ricos em sódio, açúcar, calorias e aditivos químicos que intensificam o sabor e aumentam o prazo de validade.
— Nós temos três formas de receber sal no dia a dia, no preparo dos alimentos, no saleiro da mesa e na produção dos alimentos embalados. Só que os alimentos industrializados têm sal em excesso, e 5g diários é uma quantidade fácil de atingir — afirma o nutrólogo.
Estudos mais recentes estimam que cerca de 25% da alimentação do brasileiro é composta pelos ultraprocessados. Segundo os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2020, a maior prevalência da categoria de alimentos na dieta é entre os adolescentes (26,7%), e a menor é entre os idosos (15,1%).
— Os ultraprocessados são os alimentos com maior quantidade de sódio na nossa alimentação, por isso o ideal é que o consumo deles seja reduzido ao máximo e a preferência seja pelos minimamente processados. Porque até mesmo os alimentos doces, como biscoitos recheados e refrigerantes, têm adição de sal, ele funciona como um realçador do sabor. Já os curados, como salames, carne seca, presunto, também carregam muito sal porque ele é utilizado como conservante. Então o ideal é evitá-los e usar o sal apenas durante o preparo da comida, não adicionando com o saleiro da mesa — orienta Priscilla.
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2023/02/os-15-principais-alimentos-ricos-em-sodio-e-quando-o-mineral-passa-a-trazer-riscos-a-saude.ghtml
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