CRIANÇAS VEGETARIANAS E VEGANAS DEVEM INGERIR TRÊS PORÇÕES DE PROTEÍNA POR DIA

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Crianças vegetarianas e veganas devem ingerir três porções de proteína por dia


A orientação está no novo Guia Alimentar da Fundação de Nutrição Britânica, que fala também sobre a suplementação de nutrientes. Veja o que diz o guia alimentar infantil da Sociedade Vegetariana Brasileira

Crianças podem ser veganas e vegetarianas desde que a família tome alguns cuidados, como o de garantir que elas consumam três porções de proteína ao longo do dia. Essa é uma das recomendaçãoes no novo Guia Alimentar da Fundação de Nutrição Britânica (BNF), publicado na última semana. De acordo com a diretora científica da organização, Sara Stanner, pais que tomam a decisão de adotar dietas vegetarianas ou veganas para os filhos precisam estar cientes de como equilibrar a alimentação e usar suplementos, se necessário, para garantir que as crianças consumam todos os nutrientes de que precisam para crescer saudáveis. "Pode ser difícil para as crianças pequenas obterem vitamina A e B12 em quantidade suficiente, além de riboflavina, ferro, zinco, cálcio e iodo", diz o guia. A especialista reforçou também que, apesar de este tipo de dieta priorizar alimentos saudáveis, é fundamental fazer um acompanhamento com um nutricionista.

Proteínas: elas são fundamentais

O guia britânico ressalta a importância de incluir três porções diárias de proteína no cardápio das crianças. Isso porque o macronutriente é essencial para o crescimento, além de participar da formação de ossos e músculos e influenciar no desenvolvimento das crianças. As principais fontes do nutriente são as carnes, mas crianças veganas e vegetarianas podem obter proteínas também das leguminosas, como feijão, lentilha, soja, quinoa e grão de bico, que são boas fontes; e das oleaginosas, como nozes, castanhas e amêndoas. Vegetarianos também podem obter a proteína através dos laticínios e do ovo, que podem ser incluídos no cardápio no café da manhã, por exemplo, com um ovo mexido e um iogurte. Já em relação a quantidade, a nutriciconista Fernanda Mariz,  especializada em atendimento à gestante, lactante e criança, da Casa Curumim (SP), diz que é difícil apontar as quantidades ideais porque cada criança tem uma necessidade calórica diferente. "A quantidade diária de proteína recomendada fica em torno de 10% a 15% do valor calórico total da dieta", diz.

Cuidados para o bom aproveitamentos dos nutrientes

As dietas vegana e vegetariana podem ser seguidas pelas crianças, mas além de oferecer alimentos saudáveis aos filhos, os pais devem se atentar à absorção dos nutrientes. "As leguminosas, por exemplo, devem ficar de molho por 12 horas para reduzir os compostos antinutricionais, como o ácido fítico, que atrapalha a absorção dos nutrientes", conta. Espinafre e acelga são outros alimentos que merecem atenção: por serem ricos em ácido oxálico, eles inibem a absorção de cálcio. Daí a recomendação de não comer esses alimentos com frequência. "Recomendo consumi-los apenas uma vez por semana", diz a nutricionista. 
A dica da nutricionista é oferecer três vezes por semana os vegetais de cor laranja (cenoura, abóbora, batata-doce) para atingir a necessidade de betacaroteno, rico em vitamina A. Já os  vegetais verde-escuros (brócolis, rúcula, agrião, mostarda, couve), devem ser oferecidos quatro vezes por semana. Outra sugestão é dar à criança uma fruta rica em vitamina C, como a laranja ou a mexerica, após as principais refeições, o que ajudar a aumentar absorção de ferro no organismo. Quanto à vitamina B12, ela está presente apenas em alimentos de origem animal e em alguns produtos enriquecidos. "Ela precisa ser suplementada para todas as crianças vegetarianas e veganas", diz Fernanda. O ideal é conversar com o pediatra ou nutricionista do seu filho sobre o assunto. Os demais minerais e vitaminas devem seguir a mesma recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Como deve ser a alimentação das crianças menores de 2 anos

Dos seis meses aos cinco anos, o guia orienta que as crianças que consomem menos de 500 ml de leite ou fórmula por dia podem precisar complementar a alimentação com vitaminas A, C e D, que podfem ser insuficientes nesses casos.
Já no Brasil, os profissionais de pediatria e nutrição infantil contam com o Guia Alimentar do Departamento de Saúde e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), que tem como objetivo ajudar no desenvolvimento nutricional de crianças com até 2 anos. No documento, consta que os pais que quiserem oferecer uma alternativa às fórmulas à base de leite de vaca a seus bebês devem recorrer às fórmulas infantis à base de soja ou arroz. O guia também faz ressalvas: "Nem o leite de vaca e nem os leites vegetais (industrializados ou preparados em casa) devem ser oferecidos antes de 2 anos em substituição ao leite materno ou fórmulas infantis, pois são muito pobres em calorias e/ou nutrientes e não atendem às demandas nutricionais dos lactentes". Em geral, esse tipo de fórmula tem adição de vitamina D, de origem animal, sendo assim, não são inteiramente veganas - mas são a única opção existente no mercado para a substituição do leite materno.
Vale dizer que a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de fórmulas infantis à base de soja para bebês menores de 6 meses, mas a Academia Americana de Pediatria sugere o uso como alternativa para substituição ao leite materno desde o nascimento em lactentes nascidos a termo para mães vegetarianas estritas. 
O guia alimentar da SVB conta também com um Esquema Alimentar Completo, que foi adaptado de acordo com as recomendações nutricionais da Sociedade Brasileira de Pediatria disponíveis no Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia. Segundo o guia, tanto as recomendações de macronutrientes (carboidrato, gordura e proteína) quanto as de micronutrientes (vitaminas e minerais) e aminoácidos foram feitas de acordo com as referências encontradas no mesmo material. Veja abaixo:

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A alimentação das crianças vegetarianas e veganas dos 12 aos 24 meses 

Seguindo a rcomendação da SBP e da própria Organização Mundial da Saúde, a alimentação continua sendo complementar ao leite materno nessa faixa etária. A partir do primeiro ano, deve-se oferecer mais um lanche no dia. De acordo com o Guia Alimentar da SVB, as refeições devem ser café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. 
Segundo o guia, é importante oferecer variedade de alimentos e tipos de preparos. "Procure oferecer um tipo de leguminosa diferente a cada dia da semana e varie também as frutas, legumes e verduras. As leguminosas e os cereais podem ser congelados em pequenas porções (suficiente para cada refeição do bebê) e nunca recongelados ou reaquecidos. Procure variar também as opções para o café da manhã e para os lanches. Nesta fase, podem ser incluídos com maior frequência pratos como mingau, panquecas, cookies caseiros sem açúcar e hommus, por exemplo", recomenda o guia. 

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Criança pode ser vegana?


A dieta é restritiva, mas, com o acompanhamento adequado, pode auxiliar no desenvolvimento e trazer benefícios em qualquer faixa etária

Na casa da família Nascimento não entra carne. Também não entra leite, ovos ou mel. “Animal em casa, só o Boris, nosso cachorro vira-lata”, diz Daniela Nascimento, 37 anos, adepta do veganismo há 17. A falta desses alimentos na geladeira da família deu lugar às frutas, legumes, soja, tofu e leite vegetal. Mãe de Inácio, 4, e Laila, 1, Daniela escolheu transmitir seu estilo de vida para as crianças, que nunca experimentaram alimentos de origem animal.  “Acredito que o exemplo é a melhor forma de educar. Se quando forem mais velhos, quiserem incluir carne e leite na alimentação, terão toda a liberdade. Não proíbo, mas também não incentivo”, diz.

Daniela e sua família estão entre os quase 5 milhões de brasileiros que praticam o veganismo - que, é importante destacar, não se limita à alimentação: “Ser vegano significa não consumir nenhum produto de origem animal ou testado em animais, desde alimentos até roupas, cosméticos, acessórios”, esclarece a nutricionista americana especializada em nutrição vegana e vegetariana Reed Mangels, professora do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública e Ciências da Saúde da Universidade de Massachusetts. O que significa que, da mesma forma que a carne, leite e ovos estão banidos da lista de supermercado, aquela malha de lã ou bolsa de couro também não têm espaço no guarda-roupa.

Sim, é uma escolha (e uma transição!) radical. Mas seja por uma questão de saúde ou por solidariedade aos animais, como é o caso de Daniela, ser vegano é cada vez mais comum. “A dieta tem sido mais abordada, principalmente nos últimos cinco anos. Além de um crescente interesse pelo bem-estar dos animais, a população está envelhecendo e convivendo mais com doenças crônicas e, por isso, busca uma alimentação mais saudável”, diz a nutróloga Andrea Pereira, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).




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