AFINAL, CAFÉ FAZ BEM OU MAL À SAÚDE? 6 ESPECIALISTAS AVALIAM

 

De vilão a mocinho: novas pesquisas destacam efeitos benéficos do café

De vilão a mocinho: novas pesquisas destacam efeitos benéficos do café Vogue

 Afinal, café faz bem ou mal à saúde? 6 especialistas avaliam

De neurologista, passando por nutricionista e dermatologista, até cardiologista, ouvimos experts para entender, de uma vez, se o café é mocinho ou vilão

Por Lauren Sanchez

31/08/2023 04h05  Atualizado há 2 dias

 

As idas ao espaço do café são uma prática regular aqui no escritório da Vogue. Canecas de porcelana e copos de papel estão sempre à mão nas reuniões matinais, e a trilha sonora da cafeteira permanece constante. No entanto, não estamos sozinhas na nossa lealdade à bebida matinal. De acordo com uma pesquisa realizada pela Drive Research , 87% dos americanos consideram-se obcecados por café, de certa forma ou totalmente, enquanto no Reino Unido, 70% bebem pelo menos duas xícaras por dia. Portanto, considerando a quantidade de entusiastas da bebida por aí, decidimos lançar uma investigação completa sobre o assunto.


Para compreender melhor os prós e os contras de uma xícara de café, pesquisamos por toda parte, contatando profissionais de ponta, da neurologia à nutrição. O personal trainer de Nashville, Gunnar Peterson, (cuja clientela estrelada inclui atletas profissionais como David Beckham e a estrela do reality show Khloe Kardashian) compartilhou os benefícios da bebida. Como uma pessoa que se autodenomina matunina, com um alarme perpétuo às 4 da manhã, a cafeína é o combustível preferido de Peterson. O professor de neurologia da Harvard Medical School, Dr. Rudolph E. Tanzi –que coincidentemente estava saboreando uma xícara feita com os grãos Kona no Havaí quando conversamos – nos contou sua visão surpreendente sobre como o café pode afetar a memória.

O dermatologista Azadeh Shirazi, nos contou como o café afeta a pele e o processo de envelhecimento, enquanto Lily Mazzarella, da Farmacopia, sugere diminuir o consumo de grãos e oferece o cogumelo Reishi como uma alternativa com benefícios adicionais de reforço imunológico e do sistema nervoso. O famoso nutricionista Oz Garcia concorda: existem outras maneiras de obter uma ingestão saudável de cafeína. Enquanto isso, a cardiologista Dra. Icilma V. Fergus, destaca os benefícios da bebida, que incluem a redução do risco de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão. As principais conclusões do impacto do café na nossa saúde rapidamente se tornaram aparentes – algumas boas, outras ruins – e, como sempre, a moderação é fundamental.

Ainda assim, a questão permanece: o café pode ser bom para você? Deixaremos que os especialistas nos dêem sua opinião.

Dr. Rudolph E. Tanzi , neurologista

“Numerosos estudos demonstraram que beber café pode ajudar a reduzir o risco da doença de Alzheimer. Outros sugeriram que seu consumo excessivo (mais de cinco a seis xícaras regulares por dia) pode aumentar as chances de desenvolver o problema. Portanto, em qualquer caso, a moderação é a chave. Também é importante lembrar que ‘correlação não é igual a causalidade’. Em outras palavras, pode haver algo no café, cafeína ou ácido cafeico ou outros ingredientes do grão, por exemplo, que retarda o Alzheimer. Na semana passada, foi demonstrado que os extratos de grãos de café expresso reduzem a formação de emaranhados que matam as células nervosas na doença de Alzheimer. Por outro lado, pode ser, também, que o tipo de pessoa que consuma muito a bebida seja mais estimulado intelectualmente, socialmente interativo ou fisicamente ativo, o que pode reduzir o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.”

Gunnar Peterson, personal trainer

“Sou um grande fã de cafeína. É boa para muitas coisas. Retarda o desenvolvimento da doença de Alzheimer e da demência, por exemplo. Também ajuda a melhorar a circulação – que é fundamental para a saúde, porque, quando está em pleno funcionamento, ela libera toxinas. Por isso que se exercitar é tão importante, é um trabalho triplo: você leva oxigênio aos músculos, obtém nutrientes e elimina as toxinas.

Agora, olhando se faz mal, obviamente, o diabo mora na dose. Se você consumir 1.200 miligramas por dia, provavelmente verá alguns efeitos colaterais negativos. Outro aspecto contra é que diferentes tipos de café podem afetar os níveis de colesterol. Uma xícara do claro, duas, tudo bem, mas se você quiser cinco, melhor aumentar os intervalos entre elas.

Para a cafeína, é necessário observar a dose e o horário para maximizar a eficiência. Eu, pessoalmente, uso como pré-treino quando levanto cedo. Então, respondendo à sua pergunta, sim, o café traz benefícios à saúde. Obviamente, se for tomado em demasia, muitas vezes pode ter efeitos secundários menos desejáveis. É um conhecido melhorador de desempenho quando usado criteriosamente, nas horas e nas doses corretas.

Dr. Azadeh Shirazi , dermatologista

“Café é bom! É a maior fonte de polifenóis e ácidos hidroxicinâmicos na dieta humana. São antioxidantes poderosos que combatem os radicais livres nocivos, protegendo as nossas células contra danos. Estudos também mostram que o café preto alonga os telômeros, um marcador confiável de envelhecimento saudável. Num estudo com mulheres japonesas, as consumidoras do grão apresentaram fotoenvelhecimento reduzido. Como diz o ditado, tudo é com moderação, e o café não foge à regra. O consumo excessivo pode levar à desidratação e à perda do sono de beleza. Só não exagere.”

Lily Mazzarella, fitoterapeuta e nutricionista

“O café, especialmente aquele que foi obtido de forma adequada para lidar com os impactos ambientais e sociais do comércio, e preparado para filtrar os diterpenos que aumentam o LDL, está associado a uma série de benefícios para a saúde – embora a investigação sobre este assunto seja contínua e variável. Os benefícios e desvantagens não são iguais para todos.

Na minha prática de nutrição clínica, vejo muitas pessoas que não são adequadas para a ingestão da bebida, incluindo aquelas que sofrem de ansiedade, problemas de sono, refluxo ácido, tecido mamário denso e ovulação irregular, fadiga adrenal, pressão arterial elevada e Síndrome do Intestino Irritável.

Quem metaboliza lentamente a cafeína (que têm uma variação do gene hepático CYPA12, que processa o café) tende a sentir mais os potenciais efeitos nocivos da bebida. Mas para quem se sente cansado e nervoso sem ela, vale a pena tentar um substituto. Procure algo formulado com adaptógenos de boa origem, tônicos para o sistema nervoso e cogumelos medicinais. Uma bebida botânica diária pode ser uma ótima oportunidade para experimentar ervas restaurativas tradicionais que comprovadamente normalizam nossa resposta HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal) ou ‘eixo do estresse’. A maioria das pessoas adora o ritual e a experiência sensorial do café, e essas bebidas funcionais oferecem sabor e energia sem quedas de cafeína.”

Dr. Oz Garcia , nutricionista

“Embora eu não recomende o café, não posso descartar que há vários benefícios à saúde. Ele pode ser um ótimo antioxidante, ajudar na função cognitiva e na saúde cardiovascular. Infelizmente, muitas marcas comerciais também são ácidas, contêm pesticidas e estão contaminadas por mofo. Não sugiro, ainda, o consumo regular da bebida porque pode provocar ansiedade, estressar a tireoide e as glândulas supra-renais, desregular o açúcar no sangue e também causar dores de estômago. E tem potencial para desidratar. Se você não consegue viver sem ele, procure uma marca orgânica, com baixo teor de ácido e livre de micotoxinas.

O café descafeinado não é necessariamente melhor. Embora não lhe cause nervosismo, ainda pode impactar negativamente sua saúde. Se você é sensível à cafeína, eu diria para escolher o descafeinado para fins recreativos. Mas melhores alternativas são o chá verde ou matcha, que contém cafeína, mas tem o benefício da L-teanina, que proporciona uma sensação mais suave, sem nervosismo. Também desenvolvi uma alternativa chamada ATP Boost , que é um pó nutricional funcional que ajuda na produção de energia e na clareza mental, sem nenhum dos efeitos colaterais negativos de beber café.”

Dra. Icilma V. Fergus, cardiologista

“Como trata-se de algo amplamente consumido, os benefícios versus efeitos adversos têm sido debatidos ao longo do tempo. É a bebida mais consumida nos EUA depois da água, de acordo com dados da National Coffee Association, NY 2012. O consumo de café pode reduzir o risco de diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão. Pode ser benéfico para a manutenção do peso e para a depressão, mas pode afetar adversamente o colesterol, conforme pesquisa publicada no JACC 2013. No geral, tem efeitos de neutros a benéficos sobre doenças cardíacas e mortalidade por todas as causas. Alguns estudos também sugerem benefícios para doenças neurodegenerativas, gastrointestinais e asma.

Uma ingestão diária de duas a três xícaras de café parece ser segura. O resultado adverso geralmente está relacionado à concentração muito elevada de cafeína e pode incluir insônia, tremores e palpitações, bem como perda óssea e possivelmente aumento do risco de fraturas. No entanto, a maioria dos dados provém de estudos observacionais e não de grandes ensaios clínicos randomizado. Consequentemente, a ingestão em quantidades moderadas e sem teor extremamente elevado de cafeína é satisfatória e associada principalmente a resultados benéficos. Aqueles com ansiedade e palpitações, etc., devem minimizar o consumo.


Fonte:https://vogue.globo.com/wellness/noticia/2023/08/afinal-cafe-faz-bem-ou-mal-a-saude-6-especialistas-avaliam.ghtml


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