PRÓPOLIS, MEL, GENGIBRE, LIMÃO, CÚRCUMA,PIMENTA E ESPECIARIAS: O QUE A CIÊNCIA DIZ SOBRE OS BENEFÍCIOS DESSES ALIMENTOS

  Um estudo revelou que pessoas que consumiam pimenta quase diariamente apresentavam menor risco de morte (Crédito: Getty Images).

Getty Images
Um estudo descobriu que aqueles que consumiam pimenta quase todos os dias apresentavam um risco menor de morte (Crédito: Getty Images)

Própolis, mel, gengibrelimão cúrcumao que a ciência diz sobre os benefícios desses alimentos

Considerados funcionais, eles podem melhorar a imunidade e ter ação antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana, antifúngica e antitumoral. Mas especialistas explicam que eles não fazem milagres e precisam ser usados com equilíbrio e regularidade.

Por Silvana Reis, g1

27/11/2024 01h30  Atualizado há um ano

O própolis, o gengibre, o mel, o limão e a cúrcuma são utilizados há séculos na medicina popular e amplamente consumidos no Brasil e no mundo. Eles ganharam a atenção da comunidade científica após a comprovação dos diversos benefícios que oferecem à saúde, incluindo melhora da imunidade, ação antioxidante, anti-inflamatória, antimicrobiana, antifúngica e antitumoral.

Mas especialistas alertam para o consumidor não se iludir com shots milagrosos, que misturam esses alimentos.

Nesta reportagem, você vai entender os benefícios de cada um desses alimentos, mitos e curiosidades sobre eles.

🐝 💧 O PRÓPOLIS apresenta uma forte ação antimicrobiana, ajuda no combate a bactérias e fungos; apresenta propriedades anti-inflamatórias e antivirais, auxilia em condições inflamatórias e respiratórias, inibindo a replicação de alguns tipos de vírus, e tem potencial imunoestimulante. O consumo regular pode fortalecer o sistema imunológico e aumentar a resistência a infecções.

O Brasil é o terceiro maior produtor de própolis do mundo, atrás da Rússia e da China.

🫚 O GENGIBRE também apresenta ação anti-infalamatória e anti-oxidante, funcionando como anti-inflamatório natural. Desta forma, atua como terapia auxiliar para a redução de dores articulares e musculares, combate os radicais livres e contribui para a saúde geral. Na digestão, pode aliviar náuseas e gases, reduzindo o desconforto abdominal.

Não é recomendado a ingestão de gengibre por crianças com menos de 6 anos e pessoas com pressão arterial descompensada.

Não é comprovado que este alimento cure a ressaca, nem que seja afrodisíaco. Na verdade, é o consumo da raiz que estimula o apetite sexual.

🍯 🐝 O MEL apresenta as seguintes propriedades: antimicrobiana, ajudando na cicatrização de feridas e prevenção de infecções; efeito calmante para a garganta, podendo aliviar dores e irritações; e é uma importante fonte de energia natural, ideal para recuperação rápida, pois possui açúcares de fácil absorção.

Seu consumo no Brasil é relativamente baixo em comparação com outros países.

A ingestão de mel não é permitida por crianças abaixo de 1 ano.

É MITO que o mel não tem prazo de validade!

🍋 O LIMÃO é rico em vitamina C e antioxidantes, fortalecendo o sistema imunológico.

🥣 A CÚRCUMA contém curcumina, com potentes efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, auxiliando na redução de inflamações e proteção celular.

📚 Esses alimentos são chamados de “funcionais” - aqueles que fazem bem para a saúde física e mental, melhorando a qualidade de vida. Eles têm potencial valor nutritivo e que oferecem benefícios à saúde, como a redução do risco de doenças crônicas.

O estudo dos alimentos funcionais começou na década de 80 no Japão e no final da década de 90 ganhou força no Brasil, sendo regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 1999, explica a diretora do Conselho Regional de Nutrição 4ª Região (CRN-4) e doutora em Ciência e Tecnologia dos Alimentos pela UFRJ Luana Limoeiro.

🤓 Desde então, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos, comprovando os efeitos benéficos desses alimentos. Pesquisas recentes investigam o própolis em infecções respiratórias, a cúrcuma em doenças inflamatórias e o gengibre em náuseas e inflamações.

Em 2023, por exemplo, a Revista Life divulgou resultados de ação de própolis em estudos em células, indicando um potencial efeito contra células tumorais a ser explorado.

Limoeiro destaca que, para que os benefícios sejam alcançados, é necessário consumir esses alimentos de forma regular. Porém, todo alimento consumido em excesso pode trazer malefícios para a saúde.

“Apesar das ricas propriedades nutricionais, essas substâncias precisam ser consumidas de forma equilibrada e contínua. Não se iluda com shots milagrosos, que misturam esses alimentos, prometendo eventos potencializados para a saúde”, alerta Limoeiro.

“Esses alimentos devem ser usados sempre como método auxiliar, não substituindo de forma alguma os medicamentos antibióticos para as bactérias e antivirais. Acredita-se que consumir gengibre ou própolis em excesso possa ‘curar’ doenças graves, o que não é verdade. Eles podem auxiliar na saúde, mas não substituem tratamentos médicos”, complementa a médica nutróloga, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e professora de Nutrologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Isolda Prado.

O indicado sempre é o consumo desses alimentos in natura, pois o calor pode levar a degradação de substâncias com propriedades funcionais, principalmente em relação a vitaminas. Mas eles também podem ser incorporados em receitas. Uma opção saudável é uma infusão de mel, limão, gengibre e cúrcuma para fortalecer o sistema imunológico e aliviar sintomas de resfriado.

Entenda com mais detalhes os benefícios, curiosidades e mitos sobre esses alimentos abaixo:

🐝 💧 PRÓPOLIS

O própolis é um composto natural, produzido pelas abelhas, e comumente chamado de antibiótico natural e até de antiviral, pois combate tanto bactérias quanto vírus. Além disso, possui propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e ajuda na cicatrização de feridas e queimaduras.

Estudos enfatizam seus efeitos antitumorais, cardioprotetores, neuroprotetores, e sua capacidade de aliviar o estresse oxidativo, danos ao DNA e o crescimento de bactérias intestinais patogênicas.

O potencial terapêutico do própolis e seus componentes se dá no alívio de diversas alterações em nível celular e molecular associadas a doenças relacionadas ao envelhecimento.

O professor do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP Fulvio Scorza escreveu um artigo que destaca evidências científicas dos efeitos do própolis na redução dos danos neuronais e na melhora dos sintomas motores e não-motores em pacientes com Parkinson.

Um estudo que contou com 124 participantes do Hospital São Rafael em Salvador (BA) apontou redução no tempo de recuperação de pacientes com COVID-19 que ingeriram própolis durante a internação. Os que ingeriram o própolis ficaram cerca de 6 dias internados e, os que não receberam, permaneceram pelo dobro do tempo internados, explica o pesquisador do Instituto D’or de Pesquisa, médico nefrologista e doutor em ciências pela USP Marcelo Silveira, que liderou o estudo.

Estudos clássicos da década de 1990 mostram que o própolis combate bactérias que causam doenças nas vias respiratórias.

Um experimento turco, em 2016, constatou que o extrato de própolis inibe o crescimento da Helicobacter pylori - bactéria causadora de gastrite - úlcera e câncer de estômago. E que ele também pode ser usado para tratar gripes e resfriados, que são causados por vírus.

O própolis pode ser adicionado em sucos de fruta ou mesmo em água. Suas substâncias têm propriedades:

  • Antioxidantes: os compostos fenólicos presentes no própolis, como os flavonoides, podem ajudar na imunidade e a eliminar radicais livres;
  • Anti-inflamatórias: o própolis contém ácido salicílico, apigenina, ácido felúrico e galangina, que têm atividade anti-inflamatória;
  • Antibacterianas e antifúngicas: o própolis pode ser útil para tratar infecções de garganta e boca, como faringite e amigdalite. Também pode ajudar a tratar infecções de pele, como fungos nas unhas;
  • Antiviral: as vitaminas B1, B2, B6, C e E presentes no própolis são essenciais para o sistema imunológico e a função metabólica;
  • Hepatoprotetoras: o própolis brasileiro é apontado como contribuinte para a saúde do fígado;
  • Inibidor de histaminas: as histaminas são responsáveis pelas crises alérgicas;
  • Cicatrizantes: as propriedades terapêuticas do própolis ajudam a reduzir a inflamação, acelerar a cicatrização e estimular a produção de colágeno.

·         ⚠️A quantidade máxima de própolis que um adulto pode ingerir diariamente varia de acordo com a marca e a concentração do extrato. Em geral, a recomendação é de 5 a 30 gotas por dia, que podem ser tomadas em uma dose única ou divididas ao longo do dia.

·         📋 💧 Para diluir o extrato de própolis, pode-se usar água, suco, mel ou outra bebida. Como o própolis tem um sabor picante, é aconselhável diluí-lo para mascarar o gosto.

·         🚨O consumo em excesso de própolis pode causar reação alérgica, como inchaço, vermelhidão, coceira ou urticária na pele, além de desconforto gástrico e aparecimento de manchas nos dentes. Para evitar reações alérgicas, é recomendado fazer um teste de sensibilidade antes de usar o própolis.

·         🚫Um mito associado ao consumo de própolis é que ele repele mosquitos e imuniza contra a febre amarela, a zika, a dengue e a chikungunya. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) esclareceu que essa informação não tem fundamento científico.

·         Não há informações sobre o quanto de própolis é consumido no Brasil ou no mundo, mas os dados sobre a produção podem dar uma ideia geral de consumo.

·         O Brasil é o terceiro maior produtor de própolis do mundo, atrás da Rússia e da China. Por aqui, há 13 variedades catalogadas, sendo que as de cor vermelha e verde são exclusivas do país. O alimento também é muito popular no Japão.

🍯 MEL

O mel pode ser colocado por cima de frutas, panquecas e molhos para salada. O conteúdo nutricional deste rico alimento produzido pelas abelhas varia de acordo com a sua origem e outros fatores, como as fontes vegetais das quais ele é derivado, o solo, a espécie da abelha, o estado fisiológico da colônia, o estado de maturação do mel e as condições meteorológicas da colheita, entre outros.

O mel tem propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas, antibactericidas, antibióticas e antivirais, podendo auxiliar no tratamento de feridas, acne, tosse e dor de garganta. O alimento contém nutrientes essenciais para a saúde, como:

  • Flavonoides: o mel contém compostos fenólicos, como os flavonoides, com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, que ajudam a proteger o corpo dos danos celulares causados pelos radicais livres;
  • Vitamina C e do complexo B: ajudam a fortalecer o sistema imunológico, protegendo as células do corpo contra vírus, bactérias e germes;
  • Ácidos orgânicos: responsáveis por propriedades antimicrobianas;
  • Peróxido de hidrogênio: tem efeito antibacteriano (semelhante ao da água oxigenada;
  • Cálcio: é um mineral essencial para o corpo humano, com benefícios como: formação de ossos e dentes; prevenção de osteoporose; importante para a coagulação do sangue quando nos ferimos, para o funcionamento do cérebro, dos músculos, do coração; prevenção do câncer colorretal; prevenção de pedras nos rins; manutenção das gengivas saudáveis.
  • Magnésio: este mineral essencial para a saúde tem benefícios, como: formação óssea; regulação da pressão arterial; benefícios para o sono e ansiedade; suporte ao metabolismo; prevenção de doenças vasculares;
  • Fósforo: é essencial na alimentação humana, pois seu uso é fundamental para a formação óssea, digestão, excreção, formação de proteínas, equilíbrio hormonal, reparação de células, reações químicas e utilização de nutrientes. Uma alimentação rica em fósforo tem efeitos importantes no organismo, como nos processos orgânicos da contração muscular, transmissão de impulsos nervosos do cérebro para o corpo e secreção de hormônios, ajudando na melhoraria do desempenho físico e combate à fadiga.
  • Potássio: ajuda a manter o equilíbrio de fluidos nas células; é considerado um eletrólito por carregar uma pequena carga elétrica que ativa mecanismos dentro das células; favorece o crescimento da massa muscular e ajuda a evitar cãibras; ajuda na comunicação entre as células do sistema nervoso; controla e previne a pressão alta; previne a osteoporose; ajuda na perda de peso; diminui o risco de derrame; previne diabetes; evita pedras nos rins; favorece a recuperação muscular;
  • Zinco: é um micronutriente essencial para a saúde humana, pois participa em mais de 300 reações químicas do corpo. O seu consumo pode trazer vários benefícios, como: aumento da imunidade, cicatrização, desenvolvimento muscular e fertilidade masculina.
  • Carotenoides: são pigmentos que podem ajudar a proteger contra doenças causadas por estresse oxidativo e inflamatório. Eles também podem ajudar a reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas, como câncer, doenças cardiovasculares, catarata e degeneração macular.

·         ⚠️ A quantidade máxima de mel que um adulto deve consumir diariamente é de uma colher de sopa, o equivalente a 25 gramas.

·         🚨O consumo excessivo de mel pode levar ao ganho de peso e desregular o açúcar no sangue, já que é um alimento rico em açúcar e glicose. Por isso, diabéticos devem evitar o consumo de mel. Além disso, em excesso, ele pode causar reações alérgicas. O mel pode conter a bactéria Clostridium botulinum, que produz uma toxina que pode provocar o botulismo.

·         🚨 Bebês são especialmente vulneráveis ao botulismo, pois o seu sistema imunológico ainda está imaturo. Por esse motivo, não é permitido o consumo de mel por crianças abaixo de 1 ano.

·         🚫 Os mitos associados ao mel são de que ele não tem prazo de validade; que todo mel é igual (a classificação por florada permite que o mel tenha características únicas, como cor, aroma, consistência e viscosidade) e que mel puro não cristaliza (a cristalização é um sinal de que o mel é puro e de alta qualidade, pois é causada pela separação da glicose da frutose, que ocorre quando o mel esfria).

·         O mel têm uso global, principalmente na Ásia e na Europa, devido aos seus efeitos medicinais.

O consumo deste alimento no Brasil é relativamente baixo, em comparação com outros países. A produção de mel no país tem aumentado, mas a maior parte do que é produzido é exportado. Em 2021, por exemplo, 84% da produção nacional foi exportada. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de mel do país, seguido do Paraná e do Piauí.

🫚 GENGIBRE

O gengibre é usado fresco, seco, em pó, em conserva ou cristalizado, em pratos salgados, doces e chás. No Brasil, é utilizado para fazer quentão, uma bebida típica das festas juninas. Se for utilizar as cápsulas de mel, o ideal é conversar com o médico antes de usar essa forma. Em pó, pode ser adicionado a sopas ou sucos leves, sempre em pequenas quantidades.

Ele tem ação anti-infalamatória e anti-oxidante, auxilia na redução de dores articulares e musculares, combate os radicais livres e contribui para a saúde geral. Na digestão, pode aliviar náuseas e gases e reduzir o desconforto abdominal. Esse efeito pode ser muito benéfico durante a gravidez, uma fase em que há grande restrição de medicamentos.

O gengibre contém diversas substâncias benéficas para a saúde, como:

  • Gingerol: composto bioativo que dá sabor e odor ao gengibre, e que possui propriedades termogênicas, acelerando o metabolismo e a queima de gordura, além de propriedades diuréticas, anti-inflamatórias e antioxidantes;
  • 8-gingerol e 10-gingerol: reduzem a proliferação de células tumorais do câncer de mama;
  • Chogaol, o gingerol e a zingerona: compostos bioativos que contém propriedades anti-inflamatórias, carminativas (redução de gases) e antieméticas (diminui náuseas e vômitos);
  • Zingibereno e curcumeno: são compostos fenólicos com potente ação antioxidante, que auxiliam na proteção das células do pâncreas contra os radicais livres. Dessa forma, ajuda a manter os níveis adequados de insulina;
  • Vitamina B6*: também conhecida como piridoxina, é um nutriente que participa de várias reações químicas no organismo, tendo benefícios para: a pele; o sistema nervoso; o metabolismo de proteínas, carboidratos e gorduras; o sistema imunológico; a síntese de linfócitos e anticorpos, que são responsáveis pela defesa do corpo; o sistema cardiovascular; o controle do colesterol e a pressão sanguínea; a anemia; a produção de hemoglobina, responsável por transportar oxigênio no sangue; a tensão pré-menstrual (TPM) e a prevenção de pedras nos rins (em combinação com o magnésio);
  • Cobre*: suas principais funções são: prevenção de doenças cerebrais degenerativas; diminuição do risco de doenças cardíacas; formação de células sanguíneas, hormônios; enzimas antioxidantes e tecidos conjuntivos; síntese de neurotransmissores; formação da bainha de mielina (bainha protetora que cobre os nervos); auxílio na regulação da quantidade de ferro no organismo; antioxidante, ajudando a proteger as células de possíveis danos e evitando o envelhecimento precoce e aparecimento de doenças como o câncer; ajuda no aproveitamento da vitamina C, sendo bom para o fortalecimento do sistema imunológico. Há também benefícios comprovados do cobre para: a pele, cabelos e olhos
  • Magnésio*
  • Potássio*

·         O gengibre tem uso global, principalmente na Ásia e Europa, e os maiores produtores mundiais são a Índia, a Nigéria e a China.

·         O Espírito Santo é o maior produtor e exportador de gengibre do Brasil. Em 2024, a expectativa é que a produção chegue a 84 mil toneladas. O gengibre é o quarto produto mais importante do agronegócio capixaba, atrás do café, da celulose e da pimenta do reino.

·         ⚠️ O consumo em excesso de gengibre pode causar dores de estômago e aumentar a ansiedade.

·         📋 Normalmente, a recomendação é de não ultrapassar 10 g ao dia, porém não há comprovação científica fundamentada que apoie esse dado. Os benefícios do consumo desse produto são encontrados com pequenas quantidades, como exemplo 1 g a 2 g ao dia.

·         🚨 Não é recomendado a ingestão por crianças com menos de 6 anos e pessoas com pressão arterial descompensada.

·         🚫 Dois mitos associados ao gengibre são de que ele cura a ressaca e que o aroma do gengibre é afrodisíaco. Não há comprovação científica de que ele cure ressaca e, na verdade, é o consumo da raiz que estimula o apetite sexual.

·                   🍋 LIMÃO

·         O limão pode ser consumido em forma de suco ou como tempero em saladas. Ele pode ajudar a evitar pedras nos rins, pois é cítrico e favorece uma urina menos ácida. Esta fruta possui diversas substâncias benéficas para a saúde, como vitaminas, minerais e outros compostos:

  • Vitamina C*: ajuda a fortalecer o sistema imunológico, protegendo as células do corpo contra vírus, bactérias e germes, e estimula a absorção de ferro
  • Potássio*: ajuda a manter o equilíbrio de fluidos nas células e é considerado um eletrólito por carregar uma pequena carga elétrica que ativa mecanismos dentro das células. O nutriente ajuda a evitar cãibras e ajuda na comunicação entre as células do sistema nervoso;
  • Limoneno: uma substância própria do limão, rica em flavonóides, que tem efeito antioxidante e é benéfica para o sistema cardiovascular;
  • Ácido cítrico: fortalece o sistema imunológico; combate radicais livres; previne a perda óssea; melhora a aparência da pele; ajuda na digestão
  • Folato: também conhecido como ácido fólico ou vitamina B9, tem vários benefícios, como: saúde da pele, unhas e cabelos; saúde do coração; saúde do cérebro e do sistema nervoso, sendo fundamental para a manutenção da função cognitiva e redução do risco de Mal de Alzheimer; saúde do bebê -níveis adequados de folato durante a concepção e os primeiros três meses de gravidez reduzem o risco de problemas congênitos graves; sistema imunológico: O folato preserva o sistema imunológico.
  • Flavonoides: substâncias que têm efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios
  • Ácidos fenólicos: esses potentes antioxidantes ajudam em diversas doenças relacionadas ao stress oxidativo, como, por exemplo, aterosclerose, câncer, cataratas, artrite, doenças inflamatórias, diabetes, esclerose múltipla, doenças inflamatórias intestinais e Parkinson.
  • Cumarinas: são utilizadas tradicionalmente como broncodilatadores e expectorantes no tratamento de doenças respiratórias como a asma, bronquite, gripe, tosse e resfriado. Possuem propriedades analgésicas, antipirética (previne ou reduz a febre) e anti-inflamatória para dores estomacais, reumatismo, inflamações intestinais e úlceras, além de terem ação como anticoagulante no tratamento de distúrbio da coagulação sanguínea.

⚠️O consumo de água com limão em jejum pode trazer alguns problemas para a saúde, principalmente por ser um alimento ácido. Em excesso, ele pode causar:

  • Azia, queimação e mal-estar
  • Lesões na boca e aftas
  • Alteração do equilíbrio ácido-base do estômago
  • Malefícios ao estômago devido às propriedades ácidas da fruta

🚫 ☀️ 🍋 O limão em contato com a pele e olhos pode causar irritação e intoxicação em pessoas alérgicas. Se o limão entrar em contato com a pele, ele precisa ser removido antes da exposição solar.

O consumo de limão no Brasil e no mundo tem aumentado devido à crescente preocupação com a alimentação saudável e à procura por alimentos que aumentem a imunidade:

  • O Brasil é um grande exportador de limão, e o mercado europeu está a ficar cada vez mais familiarizado com as limas. O tipo de limão mais consumido no Brasil é o Taiti.
  • A produção global de limão e lima em 2019 foi de 20 milhões de toneladas. Índia, México, China e Argentina são os principais produtores. O Brasil foi o quinto maior produtor, representando 7,5% da produção mundial.

🥣 CÚRCUMA

A cúrcuma, também conhecida como açafrão-da-terra, é uma raiz originária da Índia e do sudeste da Ásia, de cor alaranjada e usada na culinária e na medicina. Pode ser consumida em pó ou ralada - em forma de tempero, chás ou cápsulas orais. ⚠️ No entanto, a sua absorção pode ser difícil. Por isso, é recomendado associá-la a alguma gordura boa (ácidos graxos insaturados), como azeite, óleos vegetais e linhaça.

Ela tem potentes efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes, auxiliando na redução de inflamações e proteção celular. A cúrcuma tem nutrientes como:

  • Curcumina, responsável por muitos dos seus benefícios, como: ação antioxidante, o que ajuda a melhorar o funcionamento do sistema imunológico; anti-inflamatória; neurotrófica, importante para a função cerebral; de perda de peso, favorecendo a produção de gordura saudável e ajudando a queimar gordura indesejada
  • Ferro: previne a anemia; é fundamental para a produção de hemoglobina - proteína presente nos glóbulos vermelhos que transporta oxigênio pelo corpo; fortalece o sistema imunológico; ajuda na produção de células imunológicas; melhora a disposição física e mental; auxilia na cicatrização; reduz os sintomas da TPM; previne o envelhecimento precoce; estimula a produção de colágeno
  • Vitamina C *
  • Vitamina B6*
  • Potássio *
  • Cálcio*

📋 A quantidade de cúrcuma que um adulto pode ingerir diariamente depende da forma como a consome:

  • Raiz: uma ou duas rodelas por dia
  • Pó: uma colher de chá, cerca de 5 gramas, por dia
  • Suplementos: a dosagem pode variar de acordo com o objetivo, mas é recomendado consultar um nutricionista antes de começar a consumi-los.

⚠️ O consumo excessivo de cúrcuma pode causar efeitos colaterais, como náuseas, diarreia e alterações no pH do corpo.

Fonte: https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/11/27/propolis-mel-gengibre-limao-e-curcuma-o-que-a-ciencia-diz-sobre-os-beneficios-desses-alimentos.ghtml


O consumo de açafrão e outras especiarias traz benefícios para a saúde?

7 de novembro de 2024

Jéssica Brown


A pimenta, a cúrcuma e outras especiarias são frequentemente apontadas como benéficas para a saúde ou até mesmo capazes de "fortalecer o sistema imunológico". Mas será que as especiarias realmente trazem benefícios à nossa alimentação ou nos ajudam a prevenir doenças?

As especiarias fazem parte da nossa alimentação há milhares de anos – é natural polvilhar pimenta nas batatas fritas, tomar chá de gengibre e adicionar malaguetas às refeições. Mas, recentemente, algumas especiarias foram promovidas extraoficialmente de ingredientes básicos da culinária do dia a dia a superalimentos com propriedades curativas.

Segundo relatos, Hillary Clinton comia uma pimenta malagueta por dia durante a campanha eleitoral de 2016, numa tentativa de se proteger de doenças. A cúrcuma, usada na Ásia há milênios, chegou às cafeterias do mundo todo na forma de "lattes dourados" e, durante a pandemia, a mensagens virais que afirmam que ela pode "fortalecer o sistema imunológico"  e proteger contra doenças. Agora, de acordo com um chef famoso, ela está "em todo lugar".

Entretanto, a pimenta caiena ainda não se recuperou da polêmica "dieta da Beyoncé"  em 2013, que sugeria o consumo de uma mistura de pimenta caiena, xarope de bordo, limão e água para perder peso. (Veja também nossa matéria sobre se "fortalecer" o sistema imunológico realmente pode te proteger ).

Mas será que as especiarias realmente trazem benefícios à saúde em nossos alimentos ou nos ajudam a prevenir doenças? E será que alguma delas pode nos fazer mal?  


Os benefícios da pimenta para a saúde

Uma das especiarias mais conhecidas e amplamente utilizadas são as pimentas. Muitos estudos examinaram seus potenciais efeitos na nossa saúde, encontrando resultados tanto benéficos quanto adversos.

Muitos estudos analisaram como as pimentas podem afetar nossa saúde, mas os resultados são contraditórios (Crédito: Getty Images)Getty Images
Diversos estudos analisaram como as pimentas podem afetar nossa saúde, mas os resultados são contraditórios (Crédito: Getty Images)

A capsaicina é o principal ingrediente ativo das pimentas. Quando comemos pimentas, as moléculas de capsaicina interagem com os receptores de temperatura em nosso corpo, enviando sinais ao cérebro para criar a sensação de calor.


Alguns estudos apontam para a ideia de que a capsaicina pode ajudar a viver mais tempo.

Um estudo italiano de 2019 descobriu que pessoas que consumiam alimentos temperados com pimenta quatro vezes por semana apresentavam menor risco de morte em comparação com aquelas que nunca consumiam pimenta. (Os pesquisadores controlaram fatores de estilo de vida, incluindo tabagismo, exercícios físicos e qualidade geral da dieta.) E em 2015, pesquisadores na China, que examinaram o consumo de pimenta e a saúde de quase 500.000 adultos chineses, descobriram que o consumo de pimenta estava associado a um menor risco de morte . Aqueles que consumiam alimentos picantes quase todos os dias apresentavam um risco de morte 14% menor do que aqueles que consumiam alimentos picantes menos de uma vez por semana.

Um estudo revelou que pessoas que consumiam pimenta quase diariamente apresentavam menor risco de morte (Crédito: Getty Images).Getty Images
Um estudo descobriu que aqueles que consumiam pimenta quase todos os dias apresentavam um risco menor de morte (Crédito: Getty Images)

"As principais conclusões foram que uma maior ingestão de alimentos picantes está relacionada a um menor risco de mortalidade, particularmente mortes por câncer, doenças cardíacas e doenças respiratórias", afirma a pesquisadora Lu Qi, professora de nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard.

Isso não significa, porém, que começar a consumir grandes quantidades de pimenta irá proteger sua saúde – ou protegê-lo de doenças respiratórias – a curto prazo.

É importante lembrar que o estudo chinês acompanhou os participantes por um período médio de sete anos. Portanto, mesmo que as pimentas tivessem um efeito protetor sobre a saúde dos participantes, em vez de as pessoas que consumiram pimenta serem naturalmente mais saudáveis ​​desde o início, o efeito provavelmente se desenvolveu ao longo do tempo, e não em semanas ou meses.

Qi tentou isolar os efeitos do consumo de pimenta de todos os outros fatores, controlando variáveis ​​como idade, sexo, nível de escolaridade, estado civil, dieta e estilo de vida, incluindo consumo de álcool, tabagismo e atividade física. Ele afirma que o menor risco de doenças associado ao consumo de pimenta pode ser parcialmente atribuído à capsaicina.

"Certos ingredientes em alimentos picantes, como a capsaicina, demonstraram melhorar o estado metabólico, como os perfis lipídicos" – colesterol no sangue – "e a inflamação, e isso pode explicar em parte as observações em nosso estudo", diz Qi.

A capsaicina, principal ingrediente ativo das pimentas, pode melhorar os níveis de colesterol no sangue e reduzir a inflamação (Crédito: Getty Images).Getty Images
A capsaicina, principal componente ativo das malaguetas, pode melhorar os níveis de colesterol no sangue e reduzir a inflamação (Crédito: Getty Images).

Diversos estudos também demonstraram que  a capsaicina pode aumentar a quantidade de energia que queimamos  e diminuir nosso apetite.

Zumin Shi, professora associada do departamento de nutrição humana da Universidade do Qatar, descobriu que o consumo de pimenta está associado  a um menor risco de obesidade  e é benéfico para  a pressão alta . Então, quando ela estudou os efeitos do consumo de pimenta na função cognitiva, esperava um resultado triplo.  

Mas quando ela comparou a função cognitiva de adultos chineses com o consumo de pimenta, descobriu que as pessoas que comiam mais pimenta apresentavam pior função cognitiva . Esse efeito foi mais forte na memória: a ingestão de pimenta acima de 50 g por dia foi associada a um risco quase duas vezes maior de relatos de problemas de memória. Ainda assim, vale ressaltar que dados autorrelatados são amplamente considerados pouco confiáveis.

A sensação de ardência causada pelo consumo de pimentas fascina os cientistas há muito tempo. Ela também nos dá uma ideia do porquê de as pimentas poderem estar associadas ao declínio cognitivo: a sensação é resultado da evolução das plantas para se protegerem contra doenças e pragas.

"Embora algumas plantas tenham evoluído para se tornarem amargas ou picantes para os predadores, é melhor se a planta também puder se tornar tóxica", diz Kirsten Brandt, professora sênior do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana do Instituto de Ciências da Saúde Populacional da Universidade de Newcastle, no Reino Unido.

Mas esses compostos geralmente têm um efeito menor sobre nós do que sobre os insetos. "Um pouco de toxina pode ser bom, como a cafeína, que acelera nosso metabolismo e nos faz sentir mais despertos", diz ela. "No entanto, muito dela faz mal.


Os compostos que conferem sabor às especiarias não são prejudiciais aos seres humanos, argumenta Duane Mellor, nutricionista e professor sênior da Aston Medical School em Birmingham, Reino Unido.

"Embora muitos dos pigmentos e sabores amargos que apreciamos nos alimentos sirvam para proteger as plantas do ataque de insetos, nos acostumamos aos níveis de toxicidade desses sabores – conseguimos lidar com muitos desses compostos vegetais, incluindo os taninos do chá preto, enquanto algumas espécies não."

Por outro lado, mesmo que um composto presente em determinada especiaria possa ter efeitos benéficos, normalmente não o consumimos em quantidade suficiente para fazer qualquer diferença.

Getty Images

Mesmo que um composto presente em uma especiaria como a pimenta tenha efeitos benéficos, normalmente não o consumimos em quantidade suficiente para fazer diferença (Crédito: Getty Images)

Considere os polifenóis: compostos encontrados em muitas plantas que possuem efeitos anti-inflamatórios. Os benefícios das especiarias para a saúde são parcialmente atribuídos aos seus altos níveis desses polifenóis. Uma revisão de pesquisas de 2014, no entanto, afirma que ainda não está claro se a pequena quantidade consumida  ao ingerir especiarias limita seus benefícios para a saúde .

Embora alguns estudos tenham apresentado resultados encorajadores, uma análise de 2022 de 11 revisões concluiu que os efeitos na saúde do consumo de capsaicina e alimentos picantes não são claros, e que as evidências disponíveis não são de "alta qualidade".

Os benefícios da cúrcuma para a saúde

Outra especiaria popular amplamente reconhecida por seus efeitos benéficos à saúde humana é a cúrcuma. Isso se deve, em grande parte, à curcumina, uma pequena molécula encontrada na cúrcuma, comumente utilizada na medicina alternativa para tratar inflamações , estresse e muitas outras condições.

Muitos pesquisadores acreditam que os benefícios das especiarias para a saúde provêm, na verdade, dos ingredientes com os quais as consumimos.

No entanto, faltam evidências robustas que comprovem os benefícios da cúrcuma.

Numerosos estudos demonstraram que a curcumina possui efeitos anticancerígenos em laboratório. No entanto, o ambiente laboratorial é muito diferente do corpo humano. Além disso, pesquisadores afirmam que sua biodisponibilidade é muito baixa para que uma porção normal proporcione benefícios à saúde. Isso pode ser verdade também para outras especiarias – embora alguns pesquisadores tenham estudado os benefícios para a saúde de suplementos que incluem doses mais elevadas de certas especiarias – e encontrado resultados promissores. Por exemplo, um estudo de 2023 descobriu que a ingestão diária de um suplemento de gengibre pode ajudar a controlar a inflamação em pessoas com doenças autoimunes, incluindo lúpus e artrite reumatoide.

No mundo ocidental, esse crescente interesse em especiarias, incluindo a cúrcuma, como medicina alternativa foi visto pela última vez na Idade Média, quando se acreditava que as especiarias possuíam propriedades curativas, afirma Paul Freedman, professor de história da Universidade de Yale.

No Ocidente, a crença de que especiarias como a cúrcuma podem ajudar a curar foi vista pela última vez em grande escala na Idade Média (Crédito: Getty Images).Imagens Getty
No Ocidente, a crença de que especiarias como a cúrcuma podem ajudar a curar foi vista pela última vez em grande escala na Idade Média (Crédito: Getty Images).

"As especiarias eram usadas para equilibrar as propriedades dos alimentos. As pessoas pensavam nos alimentos como tendo qualidades quentes, frias, úmidas e secas, e que precisavam de equilíbrio", diz Freedman. O peixe era considerado frio e úmido, por exemplo, enquanto as especiarias eram quentes e secas.

A ideia de usar os alimentos como remédio e de equilibrar propriedades como quente e frio ou úmido e seco também são princípios fundamentais da medicina ayurvédica , praticada na Índia há milhares de anos.

No Ocidente, nosso fascínio moderno por especiarias nos aproxima de uma visão medieval mais do que tínhamos há 50 anos – Paul Freedman

 Em muitos países ocidentais, onde essas ideias são muito mais recentes, "essa ideia de equilíbrio é compartilhada com a medicina moderna da Nova Era", diz Freedman. "Nosso fascínio moderno por especiarias nos aproxima mais de uma visão medieval do que de 50 anos atrás – quando havia uma barreira entre a medicina moderna, como os antibióticos, e a medicina supersticiosa do passado, que não funcionava."

Como parte de seu trabalho, Kathryn Nelson, ex-professora assistente de pesquisa no Instituto de Descoberta e Desenvolvimento de Terapias da Universidade de Minnesota, analisava moléculas para verificar se elas poderiam ser compostos para novos medicamentos. Ela decidiu estudar a curcumina depois de se deparar repetidamente com as alegações de benefícios para a saúde associadas a ela.

"Os pesquisadores conseguem exercer efeitos em células cultivadas em tubos de ensaio adicionando compostos e observando o que acontece com as células", diz ela.

Mas ela descobriu que a curcumina é uma molécula de medicamento "péssima", porque não é biodisponível – o que significa que o corpo não consegue utilizá-la depois de digerida. Ela não é facilmente absorvida pelo intestino delgado e sua estrutura pode ser modificada quando se liga a proteínas nos intestinos delgado e grosso. Como resultado, ela não tem muita eficácia.


Getty Images

Como a curcumina não é facilmente absorvida pelo intestino delgado, é improvável que proporcione muitos benefícios após ser ingerida (Crédito: Getty Images).

Pode haver algo na cúrcuma que seja benéfico, mas não é a curcumina, diz ela. Além disso, se a cúrcuma for cozida como parte de uma refeição, explica, ela é adicionada junto com outros alimentos e aquecida, o que altera seus componentes químicos.

"Pode haver algum outro componente da cúrcuma que valha a pena investigar, mas não a curcumina, e pode não ser apenas uma coisa. Talvez precise ser modificada quimicamente ou adicionada a alguma outra substância para ser benéfica."

Ela afirma que consumir bastante açafrão não é prejudicial, mas não recomenda o uso como automedicação.

Correlação versus causalidade

A pimenta e a cúrcuma têm sido amplamente estudadas, mas a maioria dos ensaios clínicos comparou apenas dados sobre o consumo e diferentes efeitos na saúde, o que não separa causa de efeito. Além disso, pesquisas realizadas em laboratório nem sempre se traduzem em benefícios para o corpo humano.

E, como acontece com muitos estudos nutricionais, é difícil distinguir correlação de causalidade.


Considere o estudo italiano de 2019 que descobriu uma menor relação entre o consumo de pimenta e a morte. Como foi um estudo observacional, é impossível saber se o consumo de pimenta prolonga a vida das pessoas, se pessoas já saudáveis ​​tendem a consumir mais pimenta ou se há outro fator envolvido.

Uma pista, no entanto, pode estar na forma como as pimentas são consumidas pelos italianos e outras culturas mediterrâneas, afirma a autora do estudo, Marialaura Bonaccio, epidemiologista do Instituto Neurológico Mediterrâneo da Itália.

"A pimenta é comum nos países mediterrâneos", diz Bonaccio. "Geralmente é consumida com massas, leguminosas ou vegetais."

Getty Images

No Mediterrâneo, as malaguetas são frequentemente consumidas com massa e vegetais, ou leguminosas, o que pode ser a verdadeira razão por trás de qualquer benefício para a saúde (Crédito: Getty Images).

Este é apenas um exemplo de como as especiarias podem ser indiretamente benéficas – elas são consumidas com leguminosas e vegetais.

Pesquisas também descobriram que adicionar uma mistura de especiarias aos hambúrgueres pode potencialmente levar à formação de menos radicais livres no corpo de uma pessoa do que em pessoas que comeram o hambúrguer sem especiarias, e pode tornar a carne menos cancerígena . Mas esses benefícios podem ser explicados simplesmente pelas propriedades conservantes das especiarias, diz Mellor, que não participou do estudo.

"Adicionar especiarias à carne é uma técnica bem conhecida para conservá-la", diz ele. "Os benefícios das especiarias, portanto, podem estar mais relacionados à conservação dos alimentos do que a benefícios diretos para nós. Mas, de qualquer forma, podemos nos beneficiar, já que isso torna o alimento menos prejudicial à saúde."

Muitos pesquisadores acreditam que os benefícios das especiarias para a saúde, na verdade, vêm do que usamos com elas. Por exemplo, existe uma tendência de usá-las para substituir o sal, diz Lipi Roy, professora assistente clínica do centro médico NYU Langone Health, em Nova York. "As especiarias tornam a comida deliciosa e saborosa, e podem ser uma alternativa mais saudável ao sal", afirma. De fato, no ano passado, pesquisadores comprovaram que substituir o sal e a gordura saturada por especiarias pode tornar os alimentos populares tão saborosos quanto antes. 

Getty Images

As especiarias são frequentemente usadas em vez de sal, o que significa que seus benefícios para a saúde podem vir da redução do sódio, e não da própria especiaria (Crédito: Getty Images).

Também costumamos comer pimenta com legumes – o que, claro, também beneficia a nossa saúde.

Embora os lattes dourados não nos façam mal, talvez seja melhor optarmos por alguns vegetais temperados com uma pitada de especiarias. E certamente não devemos confiar neles como forma de prevenir – ou combater – qualquer tipo de doença.

* Este artigo foi publicado originalmente em 6 de abril de 2020. Foi atualizado em 7 de novembro de 2024 para incluir pesquisas recentes.

 

Fonte: https://www.bbc.com/future/article/20200406-are-there-benefits-to-eating-turmeric-and-other-spices

Cúrcuma, pimenta e outros temperos fazem bem à saúde?

Prato de comida apimentada com vários ingredientes em volta

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Pimenta é citada com frequência como tendo benefícios para a nossa saúde — mas o que dizem as evidências científicas?
    • Author,Jessica Brown
    • Role,BBC Future

As especiarias fazem parte da nossa alimentação há milhares de anos — é natural comer arroz com açafrão, tomar chá de gengibre e adicionar pimenta às nossas refeições.

Mas, recentemente, algumas especiarias foram promovidas extraoficialmente de alimentos básicos da culinária cotidiana a superalimentos que curam tudo.

Hillary Clinton supostamente comeu uma pimenta por dia durante sua campanha à Presidência dos EUA, em 2016, como uma tentativa de prevenir doenças.

A cúrcuma, usada na Ásia há milênios, invadiu as cafeterias ao redor do mundo na forma de "golden lattes" — e, durante a pandemia de covid-19, se tornou ainda mais popular por meio de mensagens que afirmavam que ela pode "estimular seu sistema imunológico".

Enquanto isso, a pimenta caiena ainda não se recuperou desde a desaconselhável "dieta da Beyoncé" em 2013, que sugeria o consumo de uma mistura de pimenta caiena, xarope de bordo (maple syrup, em inglês), limão e água para perder peso.

Mas será que as especiarias realmente oferecem algum benefício à saúde ou nos ajudam a prevenir doenças? E será que alguma delas pode, na verdade, nos fazer mal?

Os benefícios da pimenta para a saúde

Uma das especiarias mais conhecidas e amplamente utilizadas é a pimenta. Muitos estudos analisaram seus possíveis efeitos na nossa saúde, mas encontraram tanto resultados benéficos quanto adversos.

A capsaicina é o principal ingrediente ativo da pimenta. Quando comemos pimenta, as moléculas de capsaicina interagem com os receptores de temperatura no nosso corpo, enviando sinais ao cérebro para criar a sensação de calor.

Alguns estudos indica que a capsaicina pode ajudar você a viver mais.

Um estudo italiano de 2019 mostrou que as pessoas que consumiam alimentos temperados com pimenta quatro vezes por semana apresentavam um risco menor de morte em comparação com aquelas que nunca comiam pimenta.

Os pesquisadores controlaram os fatores de estilo de vida, incluindo tabagismoprática de exercícios físicos e qualidade geral da dieta.

Em 2015, pesquisadores da China, que analisaram o consumo de pimenta e a saúde de quase 500 mil adultos chineses, descobriram que o consumo de pimenta estava associado a um menor risco de morte.

Aqueles que consumiam alimentos picantes quase todos os dias tinham um risco de morte 14% menor do que aqueles que consumiam alimentos apimentados menos de uma vez por semana.

Várias pimentas dentro de pote de vidro

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Estudo indicou que aqueles que consumiam pimenta quase todos os dias apresentavam um menor risco de morte


"As principais descobertas foram que a maior ingestão de alimentos picantes está relacionada a um menor risco de mortalidade, especialmente mortes por câncerdoenças cardíacas e doenças respiratórias", diz o pesquisador Lu Qi, professor de nutrição da escola de saúde pública de Harvard, nos EUA.

Isso não significa, no entanto, que começar a comer grandes quantidades de pimenta vai proteger sua saúde — ou proteger você de doenças respiratórias — no curto prazo.

É importante lembrar que o estudo da China acompanhou as pessoas por um tempo médio de sete anos cada.

Portanto, mesmo que a pimenta tenha tido um efeito protetor na saúde dos participantes, em vez de as pessoas que comiam pimenta serem mais saudáveis ​​desde o início, o efeito provavelmente se acumulou ao longo do tempo — e não em semanas ou meses.

Qi tentou isolar os efeitos do consumo de pimenta de todos os outros fatores, controlando a idade, o sexo, o nível de escolaridade, o estado civil, a dieta e os fatores de estilo de vida, incluindo a ingestão de álcool, o tabagismo e a prática de atividade física.

Ele diz que o menor risco de doença relacionado ao consumo de pimenta pode ser, em parte, devido à capsaicina.

"Descobriu-se que certos ingredientes de alimentos picantes, como a capsaicina, melhoram o status metabólico, como o perfil lipídico [colesterol no sangue], e a inflamação, e isso pode explicar, em parte, as observações em nosso estudo", afirma Qi.

Várias pimentas sobre fundo amarelo

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,A capsaicina pode melhorar os níveis de colesterol no sangue e a inflamação

Vários estudos também mostram que a capsaicina pode aumentar a quantidade de energia que queimamos e diminuir nosso apetite.

Zumin Shi, professora do departamento de nutrição humana da Universidade do Catar, descobriu que o consumo de pimenta está associado a um menor risco de obesidade — e é benéfico para pressão alta. Então, quando ela estudou os efeitos do consumo de pimenta na função cognitiva, ela esperava mais um efeito positivo.

Mas quando ela mediu a função cognitiva dos adultos chineses em relação ao consumo de pimenta, constatou que as pessoas que comiam mais pimenta tinham uma função cognitiva pior.

Esse efeito foi mais forte em relação à memória: a ingestão de pimenta acima de 50g por dia foi associada a quase o dobro do risco de memória fraca autorrelatada pelos participantes.

Ainda assim, vale a pena observar que os dados de relatos pessoais não são amplamente considerados confiáveis.

sensação de queimação que acompanha o consumo de pimenta há muito tempo fascina os cientistas. Também nos dá uma ideia de por que a pimenta pode estar associada ao declínio cognitivo: a sensação é o resultado da evolução das plantas para se protegerem contra doenças e pragas.

"Embora algumas plantas tenham evoluído para se tornarem amargas ou picantes para os predadores, é melhor se a planta também puder se tornar tóxica", explica Kirsten Brandt, professora do Centro de Pesquisa em Nutrição Humana do Instituto de Ciências da Saúde da População, da Universidade de Newcastle, no Reino Unido.

Mas esses compostos geralmente têm um efeito menor em nós do que nos insetos.

"Um pouco de toxina pode ser bom, como a cafeína, que acelera nosso metabolismo e nos faz sentir mais acordados", diz ela.

"No entanto, uma grande quantidade faz mal para você."

Os compostos que dão sabor às especiarias não são prejudiciais aos seres humanos, argumenta o nutricionista Duane Mellor, professor da Aston Medical School em Birmingham, no Reino Unido.

"Embora muitos dos pigmentos e sabores amargos que costumamos apreciar nos alimentos existam para proteger as plantas de serem comidas por insetos, nos acostumamos com os níveis de toxicidade desses sabores — podemos lidar com muitos desses compostos vegetais, incluindo os taninos do chá preto, enquanto algumas espécies não conseguem."

Por outro lado, mesmo que um composto em uma determinada especiaria possa ter efeitos benéficos, normalmente não consumimos uma quantidade suficiente para fazer alguma diferença.

Prato de moqueca de camarão com outros acompanhamentos

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Mesmo que um composto dentro de uma especiaria como a pimenta tenha efeitos benéficos, normalmente não consumimos o suficiente para fazer diferença

Por exemplo, os polifenóis, compostos encontrados em muitas plantas que possuem efeitos anti-inflamatórios.

Os benefícios à saúde das especiarias são parcialmente atribuídos a seus altos níveis de polifenóis.

No entanto, uma revisão de pesquisas de 2014 afirma que ainda não está claro se a pequena quantidade de polifenóis consumida ao comer especiarias limita seus benefícios à saúde.

Embora alguns estudos tenham produzido resultados animadores, uma análise de 11 revisões, realizada em 2022, concluiu que os efeitos para a saúde do consumo de capsaicina e comida picante não são claros, nem a base de evidências é de "qualidade extremamente alta".

Os benefícios da cúrcuma para a saúde

Outra especiaria popular que é amplamente considerada como tendo efeitos benéficos para a saúde humana é a cúrcuma.

Isso é atribuído à curcumina. Uma pequena molécula encontrada na cúrcuma, ela é comumente usada na medicina alternativa para tratar inflamação, estresse e muitas outras condições.

No entanto, faltam evidências sólidas de que a cúrcuma seja benéfica.

Diversos estudos descobriram que a curcumina tem efeitos anticancerígenos em laboratório. Mas um ambiente de laboratório é muito diferente do corpo humano.

E os pesquisadores dizem que sua biodisponibilidade é muito baixa para que uma porção normal ofereça qualquer benefício à saúde.

Este também pode ser o caso de outras especiarias — embora alguns pesquisadores tenham estudado os benefícios à saúde de suplementos que incluem doses mais altas de determinadas especiarias e encontrado resultados promissores.

Por exemplo, um estudo de 2023 mostrou que tomar um suplemento diário de gengibre pode ajudar a controlar a inflamação em pessoas com doenças autoimunes, incluindo lúpus e artrite reumatoide.

No mundo ocidental, esse interesse crescente por especiarias, incluindo a cúrcuma, como medicina alternativa foi visto pela última vez na Idade Média, quando se acreditava que as especiarias tinham propriedades curativas, observa Paul Freedman, professor de história da Universidade de Yale, nos EUA.

Xícara com latte de cúrcuma

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,No Ocidente, a crença de que especiarias como a cúrcuma podem ajudar a curar foi observada em larga escala pela última vez na Idade Média

"As especiarias eram usadas para equilibrar as propriedades dos alimentos. As pessoas consideravam que os alimentos tinham propriedades quentes, frias, úmidas e secas, e precisavam de equilíbrio", explica Freedman. O peixe era considerado frio e úmido, por exemplo, enquanto as especiarias eram quentes e secas

A ideia de usar alimentos como remédio e de equilibrar propriedades como quente e frio ou úmido e seco também são princípios básicos da medicina ayurvédica, praticada na Índia há milhares de anos.

Em muitos países ocidentais, onde essas ideias são muito mais recentes, "esta ideia de equilíbrio é compartilhada com a medicina moderna da nova era", diz Freedman.

"Nosso fascínio moderno por especiarias nos aproxima mais de uma perspectiva medieval do que há 50 anos, quando havia um muro entre a medicina moderna, como os antibióticos, e a medicina supersticiosa do passado que não funcionava."

Como parte de seu trabalho, Kathryn Nelson, ex-professora assistente de pesquisa do Instituto de Descoberta e Desenvolvimento Terapêutico da Universidade de Minnesota, nos EUA, analisou moléculas para ver se elas poderiam ser um composto para novos medicamentos.

Ela decidiu estudar a curcumina depois de se deparar com as alegações de saúde associadas a ela.

"Os pesquisadores conseguem exercer efeitos em células cultivadas em tubos de ensaio adicionando compostos e observando o que acontece com as células", explica.

Mas ela descobriu que a curcumina é uma molécula "terrível", porque não é biodisponível — o que significa que o corpo não consegue utilizá-la depois de digerida.

Ela não é facilmente absorvida pelo intestino delgado, e sua estrutura pode ser modificada quando se liga a proteínas nos intestinos delgado e grosso. Como resultado, ela não faz muita coisa.

Cúrcuma em pó ao lado da planta

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Como a curcumina não é facilmente absorvida pelo intestino delgado, é improvável que forneça muitos benefícios após ser ingerida

Pode haver algo na cúrcuma que seja benéfico, mas não é a curcumina, diz ela. Além disso, segundo ela, se a cúrcuma for cozinhada como parte de uma refeição, ela é adicionada junto com outros alimentos e aquecida, o que altera seus componentes químicos.

"Pode ser que haja algo mais na cúrcuma que valha a pena analisar, mas não a curcumina, e pode não ser uma coisa só. Talvez ela precise ser modificada quimicamente ou adicionada a algo para ser benéfica."

Ela diz que consumir muita cúrcuma não é prejudicial, mas não aconselharia usá-la como automedicação.

Correlação x causalidade

A pimenta e a cúrcuma foram amplamente estudadas, mas a maioria dos estudos apenas comparou dados sobre o consumo e diferentes resultados em matéria de saúde, o que não separa a causa do efeito. Além disso, as pesquisas feitas em laboratório não se aplicam necessariamente ao corpo humano.

E, como acontece com muitos estudos nutricionais, é difícil distinguir correlação de causalidade.

Por exemplo, o estudo italiano de 2019 descobriu que havia um risco menor de morte associado ao consumo de pimenta. O estudo foi observacional, portanto, é impossível saber se o consumo de pimenta faz com que as pessoas vivam mais, se pessoas já saudáveis tendem a consumir mais pimenta ou se há algo mais acontecendo.

Uma pista pode estar, no entanto, na forma como a pimenta é consumida pelos italianos e outras culturas mediterrâneas, diz a autora do estudo, Marialaura Bonaccio, epidemiologista do Instituto Neurológico Mediterrâneo da Itália.

"A pimenta é comum nos países mediterrâneos", destaca Bonaccio.

"É consumida principalmente com massas, leguminosas, legumes ou verduras."

Mão de alguém adicionando pimenta a um prato de macarrão

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,No Mediterrâneo, a pimenta costuma ser consumida com massas ou legumes, o que pode ser a verdadeira razão por trás de qualquer benefício à saúde

Este é apenas um exemplo de como as especiarias podem ser indiretamente benéficas — elas são consumidas com leguminosas, legumes e verduras.

Uma pesquisa também descobriu que adicionar uma mistura de especiarias aos hambúrgueres poderia levar potencialmente a uma menor formação de radicais livres no corpo de uma pessoa do que naquelas que comeram o hambúrguer sem especiarias, e poderia tornar a carne menos carcinogênica.

Mas esses benefícios poderiam ser explicados simplesmente pelas qualidades conservantes das especiarias, segundo Mellor, que não participou do estudo.

"Colocar especiarias na carne é uma técnica bem conhecida para conservá-la", diz ele.

"Os benefícios das especiarias, portanto, podem estar mais na preservação dos alimentos do que em benefícios diretos para nós. Mas, de qualquer forma, podemos nos beneficiar, pois isso ainda torna o alimento menos prejudicial para nós."

Muitos pesquisadores acreditam que os benefícios das especiarias para a saúde são decorrentes, na verdade, do que comemos com elas.

Por exemplo, há uma tendência de usá-las para substituir o sal, observa Lipi Roy, professora assistente clínica do centro médico acadêmico NYU Langone Health, em Nova York.

"As especiarias tornam a comida deliciosa e saborosa, e podem ser uma alternativa mais saudável ao sal", diz ela.

De fato, no ano passado, pesquisadores provaram que substituir o sal e a gordura saturada por especiarias pode, na verdade, deixar alimentos populares igualmente saborosos.

Saleiro ao lado de colher com sal sobre uma mesa de madeira

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,As especiarias são usadas com frequência no lugar do sal, o que significa que seus benefícios à saúde podem vir da redução do sódio, e não da especiaria em si

Também costumamos comer pimenta com legumes e verduras — o que, obviamente, também beneficia nossa saúde.

Portanto, embora os "golden lattes" não nos façam mal algum, talvez seja melhor comer legumes temperados com uma pitada de especiarias. E certamente não devemos confiar nelas como uma forma de evitar — ou combater — qualquer tipo de doença.

Leia a íntegra desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/articles/c154lx348q4o

 

 



Comentários