Transgênicos matam
mais e causam até três vezes mais câncer em ratos, diz estudo
"Os resultados são alarmantes.
Observamos, por exemplo, uma mortalidade duas ou três vezes maior entre as
fêmeas tratadas com organismos geneticamente modificados [OGM]. Há entre duas e
três vezes mais tumores nos ratos tratados dos dois sexos", explicou
Gilles-Eric Seralini, coordenador do estudo e professor da Universidade de
Caen, na França.
Para fazer a pesquisa de dois anos,
200 ratos foram divididos em grupos e alimentados de maneiras diferentes. Eles
seguiram proporções equivalentes ao regime alimentar nos Estados Unidos. O
primeiro grupo teve 11% de sua dieta composta pelo milho OGM NK603; o segundo
comeu também 11% do milho OGM NK603 tratado com Roundup, o herbicida mais usado
no mundo; e o terceiro foi alimentado com milho não alterado geneticamente, mas
tomava água com doses de Roundup usadas nas plantações.
O milho transgênico (NK603) e o
herbicida são produtos do grupo americano Monsanto, comercializados em vários
países. No Brasil, amostras foram aprovadas em setembro de 2008 pela CTNBio
(Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), órgão ligado ao Ministério da
Ciência e Tecnologia e, no começo de 2009, o Ministério da Agricultura aprovou
o registro de doze híbridos de milho com a tecnologia Roundup. O certificado de
biossegurança foi aprovado pela comissão em novembro de 2010.
Segundo o estudo francês, 50% dos
machos e 70% das fêmeas dos três grupos morreram prematuramente, contra 30% e
20%, respectivamente, do grupo de controle. Os tumores na pele e nos rins
aparecem até 600 dias antes nos machos do que no grupo de controle. No caso das
fêmeas, os tumores nas glândulas mamárias aparecem uma média de 94 dias antes
naquelas alimentadas com transgênicos. A hipófise foi o segundo órgão que mais
sofreu alterações prejudiciais no período de testes – é ela quem produz
hormônios importantes para o organismo, o que a torna a glândula principal do
sistema nervoso.
"Os resultados revelam uma
mortalidade muito mais rápida e importante durante o consumo dos
produtos", afirmou Seralini, cientista que integra comissões oficiais
sobre os alimentos transgênicos em diversos países. “O primeiro rato macho
alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indicador (que não se alimenta
com OGM). A primeira fêmea oito meses antes. No 17º mês foram observados cinco
vezes mais machos mortos alimentados com milho OGM”, explica o cientista.
"Pela primeira vez no mundo, um
transgênico e um pesticida foram estudados por seu impacto na saúde a mais
longo prazo do que haviam feito até agora as agências de saúde, os governos e
as indústrias", disse o coordenador do estudo.
Séralini faz parte de um grupo, o
Criigen, que faz uma série de pesquisa sobre segurança de alimentos. Em
dezembro de 2009, ele publicou um estudo com ratos alimentados com os três
principais tipos de milhos transgênicos, tanto administrados em rações de
animais quanto vendidos para humanos. As amostras dos milhos NK603, MON810,
MON863, da Monsanto, causaram danos sérios nos rins e nos fígados das cobaias,
além de outros efeitos notados no coração, em glândulas supra-renais e no baço.
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