garra-do-diabo
unha-de-gato
Uso dos fitoterápicos, Harpagophytum procumbens (garra-do-diabo) e Uncaria tomentosa (unha-de-gato) no tratamento da osteoartrite de coluna lombar
Anauate,M.C.C.¹;
Torres,L.M. B.2 ;
Mello,S.B.V.1
A osteoartrite (OA) é caracterizada por alterações estruturais degenerativas e regenerativas em todos os tecidos articulares, resultando em dor, inflamação e redução da função articular. A OA de coluna lombar é a causa mais comum de dor lombar que acomete os indivíduos com mais de 50 anos (HOWELL et al.,2001).
Os fitoterápicos tem sido uma alternativa amplamente utilizada pelos pacientes com OA, entre esses, podemos destacar os formulados com extratos das espécies de Harpagophytum procumbens e Uncaria tomentosa (LONG et al., 2001). H. procumbens DC. Ex Meissner (Pedaliaceae), uma planta originária do Sudoeste da África é conhecida popularmente como garra-do-diabo e utilizada para tratamento das afecções reumáticas.
O fitoterápico garra-do-diabo é comercializado nos países europeus e mais recentemente no Brasil, com o nome de ARPADOL®. O extrato seco de raízes secundárias do H.procumbens tem como principal princípio ativo um iridóide glicosilado, o harpagosídeo, responsável pelas propriedades terapêuticas da plantae usado como marcador químico.
Uncaria tomentosa (Willd. ex Roem. & Schult) DC é uma espécie da família Rubiaceae, cujo nome popular é unha-de-gato, nativa de toda Amazônia Ocidental e constitui uma fonte potencial de fitofarmacos da flora brasileira. O extrato seco é composto por alcalóides indólicos pentacíclicos e tetracíclicos, triterpenos, fitoesteróis e polifenóis glicosídeos do ácido quinóvico. A atividade terapêutica do fitoterápico U. tomentosa é de “ modulador do sistema imunológico” (SETTY & SIGAL, 2005).
Nesse estudo foram avaliadas a eficácia dos fitoterápicos, H. procumbens e U.tomentosa, através de ensaio clínico realizado com 40 pacientes do sexo feminino com OA de coluna lombar e a ação dos metabólitos dos extratos sobre a atividade da COX-1, COX-2, através de ensaio ex vivo. O protocolo estabelecido para o estudo clínico foi seguido conforme os modelos de seleção de pacientes e do conselho de ética. Antes e após o tratamento, cada paciente respondeu questionários “Health assessment questionnaire” (HAQ) e Roland-Morris, amostras de sangue foram coletadas para análises laboratoriais.
A escala visual analógica de dor (EVA) foi utilizada como critério de inclusão (CHRUBASIK et al., 2003). Um grupo de 20 pacientes foi tratado com 2 g de extrato hidroalcoólico de garra-do-diabo/dia (Pró-fórmula, farmácia magistral) e outro grupo foi tratado com 500 mg de extrato etanólico de unha-de-gato/dia (ESCOP, 1997).
A ação dos metabólitos da garra-do-diabo e unha-de-gato em sangue total das pacientes com OA de coluna lombar foi avaliada pela atividade da COX-1 através da produção de tromboxano B2 (TXB2) pelas plaquetas durante a coagulação e a atividade da COX-2 através da produção de prostaglandina E2 (PGE2) em sangue humano estimulado por LPS de Escherichia coli (PATRIGNANI et al., 1994).
O tratamento promoveu melhora do quadro doloroso em 85% das pacientes. A ação dos metabólitos da garra-do-diabo e unha-de-gato, avaliada no sangue das pacientes, mostrou uma diminuição da atividade da COX-2 estimulado com LPS e um aumento da atividade da COX-1 apenas após o tratamento com garra-do-diabo. Esses resultados do ensaio ex vivo sugerem que a diminuição da atividade da COX-2 estimulado por LPS pode diminuir a inflamação e subseqüentes eventos dolorosos.
Concluiu-se assim que o uso dos fitoterápicos, garra-do-diabo e unha-de-gato, mostrou-se eficaz no tratamento da exacerbação da dor em pacientes com OA de coluna lombar.
Referências Bibliográficas
HOWELL DS, ALTMAN R et al.: In Osteoarthritis: diagnosis and management, 3rd edition Philadelphia: Sanders: 29- 47; 2001.
LONG L, SOEKEN K, ERNST E. Herbal medicines for the treatment of osteoarthritis: a systematic review. Rheumatology 40:779-93; 2001.
SETTY AR, SIGAL LH. Herbal medications commonly used in the practice of rheumatology: mechanisms of actions, efficacy and side effects. Sem in Arth and Rheum: 773-84, 2005.
CHRUBASIK S, MODEL A, BLACK A & POLLAK S. A randomized double-blind pilot study comparing Dolofetin and Vioxx in the treatment of low back pain. Rheumatology 42:141-48; 2003.
EUROPEAN PHARMACOPEIA’S, 1997, 3 rd edition vol.1095: 716-17.Published in accordance the convention on elaboration of Europeian pharmacopeia’s (nº 50)
PATRIGNANI P, PANARA MR, GRECCO A et al., Biochemical and pharmacological characterization of the cyclooxigenase activity of human blood prostaglandin endoperoxidase syntheses. J pharm expe thera, 217:1705-12; 1994.
Origem: Palestra proferida na IX Jornada Paulista de Plantas Medicinais, realizada de 22 a 24 de setembro de 2009, no Instituto de Botânica, São Paulo-SP.
1. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Departamento de Clínica Médica, disciplina de Reumatologia, Av.Dr.Arnaldo,455,São Paulo, SP, Brasil, ceciliacattai@hotmail.com
2 Instituto de Botânica de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente, Av. Miguel Estéfano, 3687, Água Funda, CEP 04301-012, São Paulo, SP, Brasil, lmb@uol.com.br
Dados para citação bibliográfica(ABNT):
ANAUATE, M.C.C.; TORRES, L.M.B.; MELLO, S.B.V. Uso dos fitoterápicos, Harpagophytum procumbens (garra-do-diabo) e Uncaria tomentosa (unha-de-gato) no tratamento da osteoartrite de coluna lombar. 2009. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_4/fitoterapicos/index.htm>. Acesso em: 9/10/2012
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