- Os índios norte-americanos já usavam a fruta para prevenir e tratar doenças do trato urinário há séculos e isso sempre intrigou os cientistas que começaram a pesquisar seus poderes
Usado por índios contra infecção urinária, "cranberry" começa a ganhar espaço no Brasil
O cranberry está começando a ficar conhecido no Brasil onde ganhou o nome de oxicoco e é encontrado em cápsulas e sucos em supermercados. É uma das três frutas nativas dos Estados Unidos, ao lado do blueberry (mirtilo) e da concord grape (um tipo de uva escura), e é considerada poderosa por uma série de possíveis benefícios que traria à saúde.
Entre eles, os mais comentados são seu efeito antioxidante e o poder de combater infecções urinárias. Porém, os estudos ainda não confirmam sua eficácia e enquanto alguns profissionais recomendam seu uso, outros acham prematuro indicá-la.
"Os índios norte-americanos já usavam a fruta para prevenir e tratar doenças do trato urinário há séculos e isso sempre intrigou os cientistas que vêm estudando os potenciais benefícios do suco de cranberry para a saúde nos últimos anos", diz Edson Credidio, médico nutrólogo, clínico geral-pesquisador e doutor em Ciências de Alimentos pela Unicamp.
Ele conta que o suco combate cistites e infecções urinárias porque a fruta possui uma substância que impede a adesão das bactérias nas paredes da bexiga, em especial a Escherichia coli, maior causadora das cistites.
Mas, cuidado, engana-se quem pensa que o suco equivale a um medicamento: "Na maioria dos casos deve-se tratar as infecções urinárias, após a realização de exame de urina e urocultura, e utilizar o cranberry na prevenção de recidivas de infecções do trato urinário", ensina o médico.
Questão em aberto
Já Daher Chade, urologista do Instituto do Câncer de São Paulo, discorda: "Apesar de haver estudos científicos, antigos, mostrando discreta redução na incidência de infecção urinária com o uso de cranberry, infelizmente, os mais recentes e de maior nível de evidência não mais comprovaram a utilidade no uso deste produto para evitar ou tratar infecção urinária, tanto em forma de suco como em cápsulas".
Fernando Almeida, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que pesquisas que começaram por volta de 2001 demonstraram que houve diminuição de casos de cistites recorrentes (cinco casos por ano) em mulheres que tomaram o suco. Porém, ele admite: "Os benefícios do cranberry para o trato urinário não é uma questão fechada".
Ele cita pesquisas do Centro de Pesquisa de Evidências Científicas Cochrane que, após análise de alguns estudos mais recentes, avaliou que não há comprovações para se recomendar o uso do suco de cranberry nos tratamentos de cistite. "Eu não recomendo o produto. Além disso, não acho que seja um suco que agrade ao paladar do brasileiro e é caro, porque é importado. Talvez, ofereça algum benefício, mas seria pequeno".
Poder antioxidante
Credidio lembra que, como as demais frutas vermelhas (morango, cereja, framboesa e mirtilo), o cranberry contém vitaminas A, C e D, além de flavonoides, fitoquímicos com poderes antioxidantes. "Ele também contém muitos polifenois que protegem o coração e reduzem o colesterol no sangue, inclusive o famoso resveratrol", diz.
Chade concorda em partes: "Cranberry apresenta propriedades antioxidantes e, como outras ‘berries’, é conhecido por diminuir a incidência de doenças cardiovasculares e prevenir o câncer em estudos laboratoriais. Porém, não existem estudos demonstrando esta eficácia no uso clínico para tornar seu consumo uma recomendação".
A nutricionista Vanessa Suzuki, da Educação Nutricional, lista as qualidades da fruta: fonte de antocianinas, flavonoides, catequinas, triterpenoides, ácidos (beta-hidroxibutírico, cítrico, málico, quínico, benzoico, elágico, hipúrico), vitamina C e fibras. "Como antioxidante, seu uso pode ser benéfico para a saúde de um modo geral, pois alguns estudos relatam que os fitoquímicos da fruta são responsáveis pela inibição da oxidação do colesterol LDL. No entanto, há necessidade de mais pesquisas para real comprovação".
Fonte:http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/01/15/
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