A importância da prescrição correta de Ômega-3 e Ômega-6 na prevenção cardiovascular. A doença cardiovascular (DCV) e os processos inflamatórios vasculares apresentam-se associados de forma muito clara na gênese da aterosclerose1,2. A prevenção de eventos cardiovasculares tem sido, nas últimas décadas, focado sobre o controle dos fatores de risco para a doença cardiovascular. Em relação à dislipidemia, muitos estudos epidemiológicos e de intervenção, demonstraram inequivocamente que a redução dos níveis plasmáticos de LDL-C diminui a chance de eventos cardiovasculares, seja na prevenção secundária ou primária. Nesse sentido, a redução de LDL-C constitui ponto fundamental para prevenção cardiovascular e deve ser a meta de qualquer tratamento3. Os ácidos graxos Ômega-3 de origem marinha, ácido docosaexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA), são responsáveis por vários aspectos fisiológicos e do metabolismo que podem interferir sobre desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O consumo de peixes ricos em ácido graxo Ômega-3 faz parte da recomendação para uma dieta saudável nas mais diversas diretrizes internacionais. Alguns trabalhos científicos sugerem que a recomendação da suplementação da dieta com cápsulas de óleo de peixe possa fazer parte do arsenal clínico de prevenção cardiovascular. Alguns estudos mostraram que a suplementação com 2 a 4 g de EPA/DHA ao dia pode diminuir os níveis de triglicérides (TG) em até 25% a 30%, aumentar discretamente os níveis de HDL-colesterol (1% a 3%) e elevar os de LDL-colesterol em até 5% a 10%4,5, enquanto que o consumo de Ômega-6 diminui o LDL – colesterol, contrabalanceando. Indivíduos com níveis basais maiores de TG parecem apresentar maiores benefícios com a suplementação de EPA/DHA, sendo uma redução aproximada de 5% a 10% para cada 1 g de EPA/DHA consumido ao dia6,7. A utilização de Ômega-3 vegetal não encontra respaldo científico validado na literatura, pois sabe-se que o percentual de conversão do ALA em DHA é muito restrito, necessitando dessa forma, de grande aporte em suplementação para induzir os reais benefícios. Efetivamente poucos estudos mostram a validade da utilização do ALA. Em uma metanálise com 14 ensaios randomizados e controlados com suplementação com ácido alfa linolênico (ALA), não se observou influência significativa sobre colesterol total, LDL-colesterol ou triglicérides, encontrando-se um efeito mínimo sobre o HDL-colesterol (redução de 0,4 mg/dL)8. Na literatura leiga, existe uma variedade de justificativas em prol da utilização de linhaça in natura ou na forma de cápsulas (óleo). Sabe-se que os efeitos da linhaça em animais de experimentação variam de efeito nulo à discreta redução lipídica9, e uma revisão sugeriu um efeito redutor de triglicérides pelo consumo de grandes quantidades de óleo de linhaça em humanos10. Desta forma, na prática diária a melhor forma de suplementação, para atingir níveis de eficácia em utilização de Ômega-3, deve ser focada em utilizar EPA e DHA,oriundos do óleo de peixes, na forma de cápsulas10. Os ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) Ômega-6 são caracterizados pela presença de pelo menos duas ligações duplas carbono-carbono, sendo que a primeira dupla ligação está localizada no sexto carbono a partir do terminal metila. As quantidades mínimas de Ômega-6 a serem ingeridas diariamente por adultos saudáveis não estão ainda bem estabelecidas sendo que estimativas derivadas de vários estudos sugerem um consumo de pelo menos 5-10% de energia total a ser consumidadiariamente. Dados norte-americanos defendem que em indivíduos com idade entre 19 a 50 anos, uma ingestão em torno de 6 a 7% da energia total diária consumida11. A Sociedade Brasileira de Cardiologia, em recente diretriz sobre o consumo de gorduras e a saúde cardiovascular, reconhece a necessidade do consumo dos ácidos graxos poli-insaturados dentro de uma relação adequada entre Ômega-6 e Ômega-312. Referências bibliográficas: 1-Pollock NK, Bundy V, Kanto W, et al. Greater fructose consumption is associated with cardiometabolic risk markers and visceral adiposity in adolescents. J Nutr 2012; 142(2): 251-257. 2- Neuhorser ML, Schwarz Y, Wang C, et al. A low-glycemic load diet reduces serum C-reactive protein and modestly increases adiponectin in overweight and obese adults. J Nutr 2012; 142(2): 369-374. 3- Sposito AC, Caramelli B, Fonseca FA, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2007; 88 Suppl 1:2-19. 4- Balk EM, Lichtenstein AH, Chung M, et al. Effects of omega-3 fatty acids on serum markers of cardiovascular disease risk: a systematic review. Atherosclerosis. 2006; 189(1):19-30. 5- Hartweg J, Perera R, Montori V, et al. Omega-3 polyunsaturated fatty acids (PUFA) for type 2 diabetes mellitus. Cochrane Database Syst Rev. 2008; (1):CD003205. 6- Miller M, Stone NJ, Ballantyne C, et al. On behalf of the American Heart Association Clinical Lipidology, Thrombosis, and Prevention Committee of the Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism, Council on Arteriosclerosis, Thrombosis and Vascular Biology, Council on Cardiovascular N. Triglycerides and Cardiovascular Disease: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation. 2011; 123(20):2292-2333. 7- Jacobson TA. Role of n-3 fatty acids in the treatment of hypertriglyceridemia and cardiovascular disease. Am J Clin Nutr. 2008; 87(6):1981S-90S. 8- Wendland E, Farmer A, Glasziou P, et al. 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Fonte: Biolab Farmaceutica ;
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