Posted:Fri, 02 Sep 2016 20:06:47
A vida com ovários policísticos não é fácil. Desde que me entendo por mulher (leia-se: desde que meu corpo se desenvolveu e mostrou os traços femininos), sempre tive a sombra da Síndrome dos Ovários Policísticos (vou chamar de SOP, porque não sou obrigada a digitar tudo isso toda hora, beijos) na minha vida.
Nos meus quatorze anos notei que tinha algo errado no meu corpo quando vi que minha menstruação demorava horrores para vir, 2 meses, 3 meses, certa vez demorou SEIS F*** MESES para vir a bendita. Aí beleza, fui na Gineco (Dra. Kátia, linda, te amo) e descobri que tinha esse trêm chamado SOP. E no meio daquela explicação super complexa da síndrome a única coisa que a Fernanda de 14 anos ouviu foi “O tratamento “…” é anticoncepcional que “…” diminui as espinhas”.
Dez anos depois eu finalmente tomei interesse em descobrir o que cargas d’água é esse trêm. E óh, vou ser sincera. Eu só fiz isso, não por medo do AC, mas porque vi minha libido caindo cada vez mais e isso tava me torrando a paciência. Que troço do mal é esse que me nega um dos melhores prazeres da vida? Foi aí que vi o vídeo da Gleici (<3) sobre AC e suas consequências e começei minha pesquisa.
E esse post amigas, é pra contar pra vocês (bem resumido) o que eu descobri. Bora lá?
SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO: O que é essa bagaça?
Quando se lê o nome, você imediatamente pensa “Xi, os ovários vieram com defeito e tão bagunçando a coisa toda”. Não, amiga, seus ovários queridos e lindos não são os vilões, eles são as vítimas. Eles estão lá querendo produzir óvulos lindos e deixá-los prontos para você ter seu bebêzinho. Lindo, né?
O problema acontece quando alguma coisa afeta o processo de de ovulação e você não ovula e, além disso, os ovários ficam cheios de cistos que deveriam ser absorvidos e não são e eles vão se acumulando nos ovários cada vez mais. Os coitados então produzem testosterona que, em excesso, é responsável por todos os sintomas desagradáveis, como a queda de cabelo, o aparecimento de pelos (no rosto e barriga) e acne.
Pior que isso é que a própria testosterona atrapalha no ciclo de ovulação, fazendo a coisa toda virar uma bola de neve.
§ Alguns sintomas
1) Ausência de ovulação
2) Ovários policísticos (duh), AKA, múltiplos cistos nos ovários
3) Ovários com tamanho superiores ao normal
4) Mentruação desregulada e ciclos muito grandes
5) Acne
6) Sobrepeso
7) Pelos em excesso
8) Queda de cabelo
§ Diagnóstico
O diagnóstico normalmente é feito com a presença de pelo menos dois sintomas. Um dos exames usados é o ultrassom abdominal/intravaginal para verificar os ovários, mas é preciso ter muito cuidado com o diagnóstico. Somente a característica policística dos ovários não é suficiente para caracterizar a Síndrome, pois é normal possuir cistos nos ovários em determinados momentos do ciclo menstrual.
É necessários que você apresente outros sintomas, como o tamanho anormal dos ovários, acne e menstruação irregular. Por isso é muito importante conversar com seu(a) ginecologista e relatar todos os sintomas que você possui.
§ Causas
As causas da SOP ainda não são certas, mas aqui vão algumas causas que já foram associadas à síndrome:
1) Resistência à Insulina: o que ocorre nesse caso é que nossas células não respondem bem ao hormônio (necessário para a absorção de glicose nas células) e isso causa a produção de ainda mais Insulina, cujo excesso aumenta os níveis de testosterona afetando os ovários e barrando a ovulação. Pessoas com essa característica tem maior facilidade de ganhar peso (e dificuldade de perda de peso) e estão mais propensas a desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
2) Inflamações: resultado de stress, toxinas, comidas inflamatórias (como o glúten) e Intestino Permeável causam inflamação que impede a ovulação.
3) Causas escondidas: pode ser devido à vários motivos como deficiência de nutrientes (vitaminas, zinco, iodo), doença de tireóide, entre outros.
4) Anticoncepcional: deixei essa causa por útlimo, pois existe quem negue e quem defenda que AC cause a SOP. Em geral o uso prolongado de AC pode causar a supressão da ovulação que pode ser algo temporário ou demorar meses ou até anos para regular novamente. Há diversos casos de mulheres que passaram a apresentar a síndrome após parar com AC.
§ Tratamento
Aí chega a parte interessante e definitiva da coisa! Vamo finalmente trata essa bagaça (sqn). Assim como o diagnóstico tem que ser feito com cuidado, o tratamento também deve ser definido com muita atenção e após diversos exames. Como as causas da SOP são várias e incertas, o correto é que o ginecologista trabalhe em conjunto com um endocrinologista para descobrir qual a causa do desquilíbrio hormonal. Dependendo da origem da SOP os tratamentos podem incluir:
1) Anticoncepcional: é o mais prescrito pelos médicos por funcionar no tratamento dos sintomas na maioria dos casos, mas trata de fato a doença, apenas mascara os sintomas. Tem mais indicação quando há um aumento de hormônios masculinos nos exames.
2) Exercícios físicos e reeducação alimentar: indicado para todos os tipos de SOP, especialmente os de resistência à insulina. A perda de peso e os exercícios físicos ajudam a regular a ovulação e diminuir a quantidade de testosterona no organismo.
3) Metformina: é um medicamento usado no tratamento de Diabetes tipo 2, pois aumenta a sensibilidade à insulina, consequentemente diminuindo a quantidade de hormônio no organismo. Além de ajudar a regular a ovulação, ajuda na perda de peso.
4) Chá de Uxi Amarelo e Unha de Gato: eu juro que achei que fosse literalmente unha de gato (ewwww), mas é só uma planta (ufa!). Os dois chás são muito usados para quem deseja engravidar, pois o primeiro trata miomas e cistos nos ovários e o segundo é anti-inflamatório e antibiótico natural.
5) Alimentação restrita em açucares e carboidratos: existem dois tipos, a low-carb e a paleolítica que são similares, mas diferem em alguns aspectos. Vocês podem ler mais detalhes aqui e abaixo.
Paleolítico refere-se ao período anterior à invenção da agricultura. Como vimos no post anterior, esta é a dieta à qual nossa espécie está geneticamente adaptada. Da mesma forma que estamos geneticamente adaptados à gravidade da terra, à concentração de oxigênio da nossa atmosfera, à temperatura do nosso paneta, pois estas são as condições que estavam presentes durante a nossa evolução, a dieta com a qual evoluímos moldou nossos genes.
Não existe um único tipo de dieta paleolítica. Hominídeos nômades vagaram pela áfrica, e posteriormente por todos os continentes, comendo aquilo que estava disponível. No litoral, isso significava um predomínio de pesca. Nas savanas, um predomínio de caça. Na maioria dos lugares, era suplementada com vegetais, frutas silvestres e raízes, além de insetos e larvas. Em locais como o círculo polar ártico, praticamente não havia vegetais disponíveis por pelo menos 6 meses. Em ilhas do pacífico, o coco chegava a compor mais da metade do consumo calórico. Assim, não há uma dieta paleolítica, mas várias. Mais importante do que as diferenças entre estas dietas, é o que todas têm em comum: a ausência de produtos refinados, alimentos processados e grãos.
É evidente que alimentos processados, açúcar, refrigerante e batatas fritas não faziam parte da dieta ancestral. O que não é tão intuitivo assim é a ausência de grãos. Afinal, o pão está presente no quadro da Última Ceia, sabemos que o trigo acompanha a civilização deste sempre. Mas, como vimos no post anterior, a agricultura e a civilização ocupam apenas as útimas 36 horas do calendário da nossa evolução. 10 mil anos são apenas 300 gerações. O que é o mesmo que nada do ponto de vista evolutivo.
Assim, com todas as variações geográficas e culturais, em pinceladas gerais podemos descrever da seguinte forma uma dieta paleolítica:
- Ausência de grãos
- Ausência de açúcar
- Ausência de laticínios
- Ausência de alimentos processados
A dieta paleolítica precisa ser adaptada aos tempos modernos. Afinal, é pouco provável que maioria de nós pretenda consumir insetos e larvas ou caçar os animais selvagens com as próprias mãos.
A grande proporção de pessoas intolerantes à lactose atesta nosso despreparo evolutivo para lidar com laticínios após a primeira infância. No entanto, para aquelas pessoas que não apresentam tal intolerência, os laticínios fermentados não parecem apresentar maiores problemas.
Os graves problemas associados ao consumo de carboidratos atestam nosso despreparo evolutivo para lidar com essa classe de macronutrientes, que era escassa durante 99,5% da nossa evolução. O fato de que podemos sintetizar todos os carboidratos de que necessitamos a partir de proteínas e triglicerídeos também sublinha a ausência eventual dos mesmos em nosso passado paleolítico.
Os problemas associados ao consumo de grãos, além do fato de serem a maior fonte de carboidratos da vida moderna, são um capítulo à parte. Eu afirmo, sem sombra de dúvida, que a simples eliminação total dos grãos (pão, massa, farinha, biscoitos, etc, enfim uma dieta livre de glúten) fornece talvez 70% de todo o benefício de uma dieta paleolítica (em termos não apenas de perda de peso, mas de controle de síndrome metabólica e de patologias auto-imunes).
Não existe um único tipo de dieta paleolítica. Hominídeos nômades vagaram pela áfrica, e posteriormente por todos os continentes, comendo aquilo que estava disponível. No litoral, isso significava um predomínio de pesca. Nas savanas, um predomínio de caça. Na maioria dos lugares, era suplementada com vegetais, frutas silvestres e raízes, além de insetos e larvas. Em locais como o círculo polar ártico, praticamente não havia vegetais disponíveis por pelo menos 6 meses. Em ilhas do pacífico, o coco chegava a compor mais da metade do consumo calórico. Assim, não há uma dieta paleolítica, mas várias. Mais importante do que as diferenças entre estas dietas, é o que todas têm em comum: a ausência de produtos refinados, alimentos processados e grãos.
É evidente que alimentos processados, açúcar, refrigerante e batatas fritas não faziam parte da dieta ancestral. O que não é tão intuitivo assim é a ausência de grãos. Afinal, o pão está presente no quadro da Última Ceia, sabemos que o trigo acompanha a civilização deste sempre. Mas, como vimos no post anterior, a agricultura e a civilização ocupam apenas as útimas 36 horas do calendário da nossa evolução. 10 mil anos são apenas 300 gerações. O que é o mesmo que nada do ponto de vista evolutivo.
Assim, com todas as variações geográficas e culturais, em pinceladas gerais podemos descrever da seguinte forma uma dieta paleolítica:
- Ausência de grãos
- Ausência de açúcar
- Ausência de laticínios
- Ausência de alimentos processados
A dieta paleolítica precisa ser adaptada aos tempos modernos. Afinal, é pouco provável que maioria de nós pretenda consumir insetos e larvas ou caçar os animais selvagens com as próprias mãos.
A grande proporção de pessoas intolerantes à lactose atesta nosso despreparo evolutivo para lidar com laticínios após a primeira infância. No entanto, para aquelas pessoas que não apresentam tal intolerência, os laticínios fermentados não parecem apresentar maiores problemas.
Os graves problemas associados ao consumo de carboidratos atestam nosso despreparo evolutivo para lidar com essa classe de macronutrientes, que era escassa durante 99,5% da nossa evolução. O fato de que podemos sintetizar todos os carboidratos de que necessitamos a partir de proteínas e triglicerídeos também sublinha a ausência eventual dos mesmos em nosso passado paleolítico.
Os problemas associados ao consumo de grãos, além do fato de serem a maior fonte de carboidratos da vida moderna, são um capítulo à parte. Eu afirmo, sem sombra de dúvida, que a simples eliminação total dos grãos (pão, massa, farinha, biscoitos, etc, enfim uma dieta livre de glúten) fornece talvez 70% de todo o benefício de uma dieta paleolítica (em termos não apenas de perda de peso, mas de controle de síndrome metabólica e de patologias auto-imunes).
No geral comer menos açucar e carboidratos e mais coisas saudáveis e fazer exercícios físicos são uma boa ideia para quem tem SOP. Tratamento medicamentoso tem que ser prescrevido por um médico que vai determinar qual o melhor tratamento pro seu caso. Insista em fazer exames para encontrar a causa que pode ser muito mais simples do que parece.
Se seu médico quiser te passar AC sem nem fazer um exame de sangue e um diagnóstico decente, troca de médico até achar um que faça, por favor.
O post ficou grande, mas é só um resumo de tudo que li pra fazer escrevê-lo, sério. Vou virar médica de tanto que li daqui a pouco (mentira, não vou).
To linkando aqui algumas leituras interessantes pra quem quiser saber mais sobre a síndrome:
O post ficou grande, mas é só um resumo de tudo que li pra fazer escrevê-lo, sério. Vou virar médica de tanto que li daqui a pouco (mentira, não vou).
To linkando aqui algumas leituras interessantes pra quem quiser saber mais sobre a síndrome:
Fonte:http://feeds.feedburner.com/DesocupadaAMe
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