Excesso de restrição é o vilão (Foto: Getty Images)
Terrorismo Nutricional': excesso de restrições alimentares é preocupante
Em tempos de mocinho ou vilão na comida, nutricionista esclarece perigos de se evitar determinados grupos de alimentos e prega um maior equilíbrio
Em uma entrevista recente a Dra. Sophie Deram, doutora em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP, citou um termo bastante pertinente para o momento especial em que estamos vivendo com relação à comida, o “Terrorismo Nutricional”. Esse medo vinculado à alimentação está diretamente relacionado com o excesso de restrições alimentares que está levando cada vez mais pessoas a evitarem determinados grupos de alimentos.
A ideia de bom ou mal contribui com o aumento da lista de vilões, com as dúvidas e, consequentemente, com o medo de se alimentar. As dúvidas sobre uma alimentação mais saudável estão confundindo as pessoas, que em meio a tantos alimentos com funções mágicas que surgem mensalmente - chia, óleo de coco, óleo de cártamo, linhaça, goji berry, chá de hibisco, castanha do Pará, leite de amêndoa e etc – não sabem o que eleger.
Qual eu devo utilizar agora para emagrecer? Troco a chia pela linhaça para ajudar a reduzir o colesterol ruim? Utilizo o óleo de coco para cozinhar os alimentos? O que devo procurar e evitar nos rótulos dos alimentos? As dúvidas são inúmeras e a resposta mais simples é que um determinado alimento não tem poder de ação sozinho. É fundamental trazer equilíbrio, colorido e variedade para o seu prato. Frequentar mais as feiras livres e “hortifruti” para enriquecer sua casa de frutas, verduras, legumes e grãos é um bom começo. Embora esses alimentos não contenham rótulos, o que é imprescindível não somente pelas informações nutricionais mas principalmente por casos de intolerâncias e alergias alimentares, seus benefícios já são largamente conhecidos. Além de adicionar os alimentos funcionais (que além de nutrir possuem efeitos benéficos á saúde) ao programa alimentar, é necessário praticar exercícios regularmente e reduzir o estresse do dia a dia.
A disseminação de dietas com restrições a determinados grupos de alimentos ou dietas sem açúcar, sem glúten, sem lactose, postagens nas mídias sociais da barriga negativa e da busca da magreza a qualquer preço oferece grandes riscos à nossa saúde que já podemos observar. Se de um lado temos o excesso de peso de mais de 60% da população Brasileira, no outro extremo está o crescimento dos transtornos alimentares (anorexia, bulimia, vigorexia, ortorexia entre outros).
Quanto maior a restrição alimentar maior o risco de compulsão.
Mulheres estão sempre em busca da redução da gordura corporal, entretanto esta redução sem controle e limite traz riscos à saúde. Quando o percentual de gordura está abaixo de 17% para as mulheres pode ocorrer oligomenorréia (irregularidade no ciclo menstrual) e até amenorréia (parada da menstruação), estando associados à perda óssea na coluna e em ossos longos (osteopenia e de forma grave osteoporose). A gordura periférica possui papel importante na conversão dos hormônios andrógenos em estrógenos. Quando ocorre diminuição da gordura, a quantidade de estrógeno diminui e os andrógenos aumentam, causando a parada dos ciclos menstruais.
Para nos alimentarmos melhor a saída não é evitar certos alimentos, mas melhorar o ambiente e o comportamento. Evite ambientes estressados/ barulhentos, preste atenção ao prato, resgate o prazer nos alimentos mais simples, coma devagar, mastigando e saboreando bem os alimentos - a comunicação entre cérebro e estômago para se sentir saciado demora em torno de 20 minutos, comemos bem mais rápido do que isso -, diminua as porções, evite alimentação em rodízios e Buffet e se mantenha ativo.
Fonte:http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/2014/05/terrorismo-nutricional-excesso-de-restricoes-alimentares-e-preocupante.html
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