Pesquisa elege as oito dietas que são tendência para
2020
Ranking foi escolhido
por 25 especialistas selecionados por um publicação norte-americana; nutrólogo
alega que todas têm pontos positivos e negativos; o importante, diz,é avaliar
cada paciente
A primeira semana útil do ano começou e, com ela, muitas pessoas
pensam em iniciar uma nova dieta para transformar a promessa de ano novo em
resultados na balança.
Para ajudar quem pensa em
cortar os doces ou carboidratos do cardápio, a publicação norte-americana “U.S.
News & World Report” divulgou, pelo décimo ano consecutivo, um ranking com
as melhores dietas que são tendência para 2020.
De acordo com a revista,
os regimes selecionados foram escolhidos por um painel de 25 especialistas.
Dentre as dietas, algumas já são conhecidas, como o Vigilantes do Peso, e a
dieta vegana, e outras que ainda são novidade para muitos, como a dieta
volumétrica, a flexitariana, a Jenny Craig, a Ornish, a Engine 2 e a da Clínica
Mayo.
Quando se pensa em perda de peso, é enorme a quantidade de
dietas, programas alimentares e regras de alimentação que são constantemente
criados, conforme reconhece a nutricionista Mariana Maciel.
Segundo ela, em relação a
lista da “U.S. News & World Report”, algumas das dietas apresentadas ainda
não estão disponíveis no Brasil e outras são opções alimentares, como o
veganismo. “Se alguém pensa em se tornar vegetariano apenas com o intuito de
emagrecer, eu diria que esse não é o caminho”, alerta.
Estratégias
Para o nutrólogo Guilherme
Mattos, a maioria das dietas citadas pela publicação “está em alta” e é
considerada por ele uma estratégia nutricional interessante para ser usada num
planejamento pelo nutrólogo ou nutricionista – desde que se respeitem o
objetivo e as características individuais de cada paciente.
“Todas as estratégias
alimentares citadas possuem pontos positivos, mas também pontos de atenção ou
até de contraindicação quando levamos em consideração diferentes grupos de
pessoas”.
Mattos explica, por
exemplo, que a já conhecida dieta dos Vigilantes do Peso tem como vantagem a
liberdade ao paciente, mas, por outro lado, “pode ser perigosa e até
irresponsável liberar determinados grupos de alimentos baseando-se apenas no
total de calorias ingeridas”.
Para quem tem problemas em
alcançar a saciedade, Mattos diz que a dieta volumétrica pode ser uma boa
estratégia, uma vez que prioriza a ingestão de maior volume de alimentos pouco
calóricos.
“O risco é estimular uma
dilatação estomacal, que, em longo prazo, contribui para que a pessoa sinta cada
vez mais fome”, afirma.
Já para quem tem risco de
doenças cardiovasculares, a dieta Ornish é bem específica, e indicada por
algumas linhas de profissionais. “É polêmica, já que existem linhas de estudos
amplamente aceitos atualmente que questionam a relação entre o consumo de
gorduras e o risco cardiovascular. Já o controle do estresse e a redução do
consumo de carboidratos já são medidas consensuais quando falamos de controle
do risco cardiovascular”, aponta Mattos.
A dieta da Clínica Mayo,
segundo o nutrólogo, também prioriza os alimentos que de fato são muito bons
para a saúde geral do corpo, como os vegetais e frutas, no entanto, a pirâmide
alimentar criada pela clínica coloca os carboidratos à frente das oleaginosas.
“Já existem muitos estudos
que apontam os benefícios de uma alimentação com maior proporção de gorduras
boas na comparação com a proporção de carboidratos”, diz Mattos.
Por fim, o nutrólogo
comenta sobre a dieta Jenny Craig, considerado um modelo mais recente, e que
tem crescido devido à necessidade de praticidade.
O programa criado por uma
guru norte-americana oferece refeições prontas. “Pedir refeições de um cardápio
pré-pronto não faz sentido em minha opinião, já que a estratégia alimentar deve
levar em conta as características individuais”, diz.
Cuidados
Mariana ressalta ainda,
que dietas que prometem resultados rápidos tendem a ser pobres nutricionalmente
e podem trazer problemas a curto e longo prazos.
“No curto prazo, se for
muito baixo o valor calórico para a sua necessidade energética pode levar a
hipoglicemia e desmaio, por exemplo. No longo prazo, tende a ser pobre em
micronutrientes e levar ou agravar alguma deficiência nutricional, como anemia,
por exemplo”, explica.
Mattos concorda que um
processo saudável e sustentável de perda de peso acontece em médio longo prazo.
“A promessa de uma perda de peso muito rápida envolve, na maioria das vezes,
grande sacrifício por parte da pessoa, e ainda por cima acaba trazendo prejuízo
para a saúde ao longo do tempo”, diz.
Sem ingestão de carne
Das oito estratégias de
emagrecimento eleitas pela revista norte-americana, três têm em comum a redução
da ingestão de carne na alimentação. São elas as dietas vegana, flexitariana e
Engine 2.
A vegana, segundo o
nutrólogo Guilherme Mattos, tem sido amplamente procurada por diferentes
grupos, de pessoas preocupadas com o meio ambiente e a espiritualidade, e até
atletas de alto rendimento.
“É uma estratégia
possível, porém, é uma das que mais demanda atenção e planejamento de
profissional especializado, já que a abstenção do consumo da proteína animal
pode gerar grandes deficiências”, diz Mattos.
Já a dieta flexitariana é
considerada pelo nutrólogo uma boa estratégia para aqueles que desejam se tornar
vegetarianos ou veganos algum dia, para que não tenham seus hábitos alimentares
alterados radicalmente.
“É também interessante
para quem começou a se sentir incomodado com as questões ambientais e
espirituais relacionadas ao consumo da carne e deseja fazer alguma mudança em
seu comportamento, mas não consegue ficar sem comer carne ainda”, afirma.
Segundo Mattos, a dieta
Engine 2 chama a atenção e tem causado polêmica por recomendar a ausência dos
óleos vegetais.
“Óleos como o azeite de
oliva extra-virgem, o óleo do abacate e das castanhas, entre outros, têm sido
associados a efeitos benéficos para a saúde quando consumidos com moderação.
Muitas das vitaminas de que precisamos são lipossolúveis, ou seja, são
transportadas e absorvidas dentro do corpo, um dos motivos pelos quais
precisamos também da gordura no corpo”, ressalta o nutrólogo.
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