Menino tomando leite — Foto: Foto de EKATERINA BOLOVTSOVA
Hidratação infantil: o que as crianças podem beber até os 5 anos
Especialistas comentam as principais dúvidas dos pais com relação às bebidas oferecidas aos pequenos
Por Amanda Oliveira
25/02/2023 09h08 Atualizado há 12 horas
Sucos, refrigerantes, achocolatados… Hoje em dia, há muitas opções de bebidas no mercado. Mas, quando estamos pensando na alimentação infantil, principalmente de crianças menores de 5 anos, é preciso ter muita atenção antes de oferecer esses produtos! Afinal, muitos possuem um alto teor de açúcar, o que traz malefícios para a saúde dos pequenos e, em alguns casos, abrem caminho para um quadro de obesidade.
O que meu filho pode beber nos primeiros anos de vida? Essa é uma dúvida comum entre pais e mães. Ao olhar para as evidências científicas, em 2019, um grupo de cientistas norte-americanos da Healthy Eating Research — instituição que apoia pesquisas sobre alimentação saudável — afirmou que até os 5 anos, as crianças não devem tomar nenhuma bebida com açúcar ou outros adoçantes.
A recomendação foi respaldada por entidades de grande relevância nos Estados Unidos, como a Academia Americana de Pediatria (AAP), Academia de Nutrição e Dietética, Associação Americana do Coração e Academia Americana de Odontopediatria. O leite e a água são os mais indicadas para oferecer às crianças até os 5 anos, segundo os pesquisadores.
Infelizmente, não é o que acontece em alguns lares. Muitos pais ainda têm dificuldade de restringir o acesso dos filhos apenas a essas duas bebidas — e os sucos e refrigerantes acabam estando presente na hora das refeições desde cedo. Ocorrer uma mudança de hábitos nem sempre é fácil e, em alguns casos, há resistência dos próprios familiares ao redor, que dão seus pitacos e dizem, por exemplo, que “a criança vai ficar com vontade". Para tirar as dúvidas sobre hidratação na infância, a CRESCER conversou com especialistas que deram dicas importantes para manter os pequenos saudáveis. Confira!
Posso dar suco para meu filho?
Segundo Paulo Telles, pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e neonatologista, entre a fruta e o suco, a primeira opção é sempre a mais recomendada. “É importante lembrar que suco não é sinônimo de algo saudável”, destaca. O médico explica que, ao fazer um copo de suco de laranja, por exemplo, muitas vezes você precisa de duas a três laranjas, que já têm uma alta oferta calórica. “Se eu dou, durante o almoço, três laranjas para a criança, ela não vai conseguir chupar. Então, eu ofereço toda essa caloria de uma forma de fácil ingestão e rápida absorção, o que leva ao aumento da taxa de glicemia [açúcar no sangue]”, alerta o especialista.
A oferta de suco não é proibida, porém, tem algumas restrições. A primeira delas é que a bebida deve ser 100% natural, isto é, sem adição de açúcar. Nada de produtos industrializados de caixinha! Outro ponto é ficar atento à idade de seu filho. O pediatra ressalta que os sucos só devem ser oferecidos para crianças a partir de 1 ano em quantidades adequadas: 120 ml por dia para os pequenos de 1 a 3 anos e 180 ml para quem tem entre 4 a 5 anos.
O que não oferecer?
Como já foi mencionado, o excesso de açúcar é um dos principais vilões quando se pensa em alimentação e saúde. Por isso, é consenso entre os especialistas que achocolatados, refrigerantes, bebidas com cafeína e à base de plantas — como amêndoa, arroz ou leite de aveia — também devem ser evitados. A nutricionista Bianca Naves, de São Paulo, explica que o leite de amêndoas, por exemplo, possui pouco valor nutritivo e não é fonte de proteína e cálcio.
Quais são os riscos de oferecer bebidas adocicadas?
Manter o açúcar longe das crianças é fundamental para evitar futuros problemas de saúde, que podem dar uma grande dor de cabeça para os pais — até mesmo a saúde bucal dos pequenos pode ser impactada. O pediatra da SBP alerta que crianças que consomem muito suco ou outras bebidas adoçadas têm uma incidência maior de cáries.
E os problemas não param por aí! O médico também menciona que esses tipos de bebidas podem levar à obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Outra consequência é a formação do paladar doce. Segundo o especialista, as crianças que tomam bebidas ricas em açúcar tendem a querer sempre se hidratar com esse tipo de líquido, deixando a água mais de lado.
Como fazer meu filho beber mais água?
Até os 6 meses de vida, o aleitamento materno deve ser exclusivo, como recomendam a SBP e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa que os bebês até essa faixa etária não precisam tomar água, chás ou receber qualquer outro tipo de alimento. Essa recomendação vale, inclusive, para as crianças que tomam fórmula.
A partir da introdução alimentar, os pequenos já podem (e devem) beber água. Segundo o Manual de Alimentação - da Infância à adolescência, da Sociedade Brasileira de Pediatria, a quantidade indicada para crianças de 7 a 12 meses é de 0,8 litro de água diariamente. Já para aquelas entre 1 a 3 anos, deve ser de 1,3 litro de água e para as de 4 a 8 anos, aproximadamente, 1 litro e 700 ml.
Para incentivar o consumo de água entre os pequenos, nada melhor que o exemplo! A nutricionista Bianca Naves reforça que isso deve fazer parte do hábito dos pais. Para ajudar nesse processo, é possível saborizar a água, colocando rodelas de frutas como morango e laranja no copo, afirma a profissional.
Quando usar o leite integral?
O leite de vaca é um alimento que tem uma alta taxa de cálcio e proteína, sendo uma boa fonte nutricional, porém, antes de inclui-lo na dieta da criança, é preciso estar atento à faixa etária dela. A SBP ressalta que o leite integral não é recomendado para crianças menores de 1 ano de idade. No entanto, segundo o pediatra Paulo Telles, mesmo para esse público, a bebida só dever ser ofertada na impossibilidade do aleitamento materno. "A criança pode comer alimentos à base de leite, mas o ideal é estimular sempre a amamentação até os 2 anos", reforça o especialista.
A mesma indicação vale para os bebês que tomam fórmulas. O médico explica que esse composto é mais rico em ferro do que o leite integral. "O problema é o custo. As fórmulas são muito mais caras e, quando estamos falando de uma população mais simples, muitas vezes ela não tem acesso à fórmula por dois anos", acrescenta.
Para os pequenos que passam a consumir o leite integral na fase entre 12 a 24 meses, Telles diz que a bebida pode auxiliar tanto no ganho de peso como no desenvolvimento neurológico. A indicação da versão com baixo teor de gordura nessa faixa etária deve ser considerada apenas em casos específicos, como de bebês com peso excessivo ou histórico familiar de obesidade ou doenças cardiovasculares — sempre com orientação médica. Já entre 2 a 5 anos, a orientação de tomar o leite com baixo teor de gordura vale para todas as crianças, a fim de se reduzir o risco de obesidade.
Outro ponto de atenção que os pais devm ter ao ofertar o leite de vaca para os filhos é em relação aos excessos. A presença elevada de cálcio na bebida acaba inibindo a absorção do ferro de outros alimentos e, por isso, pode desencadear a deficiência desse mineral, favorecendo o desenvolvimento de um quadro de anemia.
De acordo com o painel de cientistas norte-americanos, a quantidade ideal de leite de vaca ingerido na infância deve ser a seguinte:
- de 12 a 24 meses: de 2 a 3 xícaras* (480 ml a 720 ml) de leite integral por dia;
- de 2 a 3 anos: até duas xícaras (480 ml) de leite desnatado ou com baixo teor de gordura;
- de 4 a 5 anos: até 2,5 xícaras (600 ml) de leite desnatado ou com baixo teor de gordura.
*Considerando que uma xícara tem 240 ml
Fonte:https://revistacrescer.globo.com/criancas/alimentacao/noticia/2023/02/hidratacao-infantil-o-que-as-criancas-podem-beber-ate-os-5-anos.ghtml
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