Estudo liga má alimentação a 14 milhões de casos de diabetes tipo 2 no mundo
Pesquisa analisou dados de 1990 a 2018 e detectou informações valiosas sobre fatores dietéticos e quais países têm o maior índice de casos
Por Redação Galileu
24/04/2023 09h10 Atualizado há 3 meses
O estudo publicado em 17 de abril no periódico Nature Medicine utilizou dados de 1990 a 2018 que forneceram informações valiosas sobre quais fatores dietéticos estão impulsionando a carga de diabetes tipo 2 por região do mundo. Para o estudo, os autores se basearam no modelo do Global Dietary Database.
Também foram utilizados dados demográficos de várias fontes, estimativas globais de incidência de diabetes tipo 2 e informações de vários estudos sobre como as escolhas alimentares afetam as pessoas que vivem com obesidade e diabetes tipo 2.
Somente sobre a alimentação foram avaliados 11 fatores, dos quais três se mostram importantes para o aumento da incidência global de diabetes tipo 2: ingestão insuficiente de grãos integrais, excesso de arroz e trigo refinados e consumo excessivo de carne processada. Ainda segundo a pesquisa, fatores como beber muito suco de frutas e não comer vários vegetais, nozes ou sementes sem amido tiveram menos impacto em novos casos da doença.
Conclusões
A equipe de pesquisadores conseguiu identificar que, dos 184 países incluídos no estudo, todos tiveram um aumento nos casos de diabetes tipo 2 entre 1990 e 2018, representando um fardo crescente para indivíduos, famílias e sistemas de saúde.
Outro dado colhido foi de que a má alimentação está causando uma proporção maior da incidência total de diabetes tipo 2 em diferentes grupos. Segundo o relatório, a proporção do diabetes tipo 2 é mais comum em homens, adultos jovens e residentes urbanos.
“Sem controle e com incidência projetada apenas para aumentar, a diabetes tipo 2 continuará a impactar a saúde da população, a produtividade econômica, a capacidade do sistema de saúde e impulsionar as desigualdades de saúde em todo o mundo”, diz em nota a primeira autora, Meghan O'Hearn, diretora Impacto para Food Systems for the Future, um instituto sem fins lucrativos.
Em questão regional, a Europa Central e Oriental e a Ásia Central tiveram o maior número de casos de diabetes tipo 2 relacionados à dieta. Esse aumento foi registrado particularmente na Polônia e na Rússia, onde as dietas tendem a ser ricas em carne vermelha, carne processada e batatas. Outras regiões apresentaram alta incidência, como a América Latina e o Caribe, especialmente na Colômbia e no México, devido ao alto consumo de bebidas açucaradas, carnes processadas e baixa ingestão de grãos integrais.
Já as regiões que apresentaram menos impacto em casos de diabetes tipo 2 incluíam o Sul da Ásia e a África Subsaariana – embora os maiores aumentos na diabetes tipo 2 devido à má alimentação tenham sido observados por lá. Dos trinta países mais populosos analisados, apenas Índia, Nigéria e Etiópia tiveram o menor número de casos de diabetes tipo 2 relacionados à alimentação não saudável.
“Essas descobertas podem ajudar a informar as prioridades nutricionais para médicos, formuladores de políticas e atores do setor privado, pois incentivam escolhas alimentares mais saudáveis que abordam essa epidemia global”, explica em nota O'Hearn.
Outros estudos estimam que 40% dos casos de diabetes tipo 2 em todo o mundo são atribuídos a uma dieta abaixo do ideal, sendo inferior aos 70% relatados no artigo publicado na Nature Medicine.
Fonte:https://revistagalileu.globo.com/saude/noticia/2023/04/estudo-liga-ma-alimentacao-a-14-milhoes-de-casos-de-diabetes-tipo-2-no-mundo.ghtml
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