Menopausa: dieta pode reduzir ondas de calor em 96%; saiba qual é
Estudo indica que alterações na microbiota intestinal são capazes de diminuir os fogachos
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O GLOBO
— São Paulo
24/11/2023 10h53 Atualizado há 4 horas
Uma dieta vegana com baixo teor de gordura e que inclua soja promove alterações no microbioma intestinal que diminuem as ondas de calor da menopausa em até 95%, de acordo com um novo estudo.
Segundo a pesquisa, publicada na revista Complementary Therapies in Medicine, a dieta vegana levou à diminuição de 96% das ondas de calor moderadas a graves e também reduziu os fogachos diurnos em 96% e os noturnos em 94%. As participantes também perderam, em média, 6,4 kg.
“As mulheres que desejam combater as ondas de calor devem alimentar as bactérias em seus intestinos com uma dieta vegana rica em frutas, vegetais, grãos e feijões, que também leva à perda de peso e protege contra doenças cardíacas e diabetes tipo 2”, diz a co-autora do estudo, Hana Kahleova.
Participaram 84 mulheres na pós-menopausa que relatavam duas ou mais ondas de calor moderadas a graves diariamente. Um grupo seguiu uma dieta vegana com baixo teor de gordura, incluindo meia xícara de soja cozida por dia, e o grupo controle continuou seguindo sua dieta habitual por 12 semanas.
Também foram analisadas amostras de fezes de 11 participantes para avaliar o microbioma intestinal. Nas que seguiram a dieta vegana, foram encontradas alterações na quantidade de diversas famílias, gêneros e espécies de bactérias.
Pela primeira vez foi descoberto quais bactérias podem ter influência sobre as ondas de calor, ao estabilizar os níveis de estrogênio, reduzindo a inflamação e aumentando a saciedade, entre outros benefícios. Reduções de Porphyromonas, Prevotella corporis e Clostridium asparagiforme foram associadas à diminuição dos fogachos.
Os pesquisadores pretendem realizar ensaios clínicos randomizados maiores para investigar mais detalhadamente esses achados.
As ondas de calor ou fogachos, também chamadas de sintomas vasomotores, afetam cerca de 75% das mulheres na menopausa e na perimenopausa (período de transição que antecede a última menstruação).
Um grande corpo de evidências sugere que esse sintoma, no qual uma mulher sente um calor repentino e avassalador, pode ter um sério impacto na qualidade de vida e na produtividade.
Tratamento
No Brasil, não existem remédios específicos sem hormônios para tratar os sintomas da menopausa, embora alguns antidepressivos, anticonvulsivantes e anti-hipertensivos sejam utilizados de forma off-label (uso diferente da bula).
Há poucos meses, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou um novo medicamento oral não hormonal, o fezolinetante, vendido com o nome comercial de Veozah, projetado para tratar as ondas de calor.
Existem poucas opções de tratamento seguras e eficazes para as ondas de calor, diz Stephanie Faubion, diretora médica da Sociedade Norte-Americana para Menopausa e diretora do Centro para Saúde da Mulher da Mayo Clinic, nos EUA.
A terapia hormonal é o tratamento mais eficaz para mulheres com menos de 60 anos, mas apresenta riscos para indivíduos com certas condições de saúde. Além disso, existem equívocos enraizados a partir de alguns estudos do início dos anos 2000, que foram contestados, mas que afastaram muitas outras mulheres da opção terapêutica, diz ela.
Existe apenas um outro tratamento não hormonal que demonstrou efetivamente controlar as ondas de calor - a paroxetina, que é usada principalmente para tratar a depressão, mas foi aprovada pelo FDA em 2013 para ser usada também nos sintomas da menopausa. No Brasil, tem aval apenas para o transtorno psicológico.
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2023/11/24/menopausa-dieta-pode-reduzir-ondas-de-calor-em-96percent-saiba-qual-e.ghtml
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