GÊMEOS IDÊNTICOS PARTICIPAM DE ESTUDO EM QUE UM SEGUIU UMA DIETA VEGANA; SAIBA O QUE MUDOU EM APENAS 8 SEMANAS

  Gêmeas idênticas participam de estudo de Stanford para avaliar dieta vegana.

Gêmeos idênticos participam de estudo em que um seguiu uma dieta vegana; saiba o que mudou em apenas 8 semanas

Grupo que eliminou alimentos de origem animal do cardápio teve queda no colesterol LDL, nos níveis de insulina e no peso corporal – fatores ligados a uma melhor saúde cardíaca

 

Por O Globo — Rio de Janeiro

05/12/2023 11h53  Atualizado 05/12


Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, buscou avaliar os impactos de uma dieta vegana da forma mais fiel possível – acompanhando dois irmãos gêmeos idênticos, em que um implementou a alimentação sem qualquer item de origem animal, enquanto o outro seguiu a dieta convencional.

Entre os principais resultados do trabalho, publicado na revista científica JAMA Network Open, está uma melhora significativa da saúde cardiovascular entre aqueles que seguiram a dieta vegana. O efeito foi observado mesmo pouco tempo após a mudança alimentar, apenas 8 semanas (cerca de 2 meses).

Os pesquisadores explicam que é algo bem estabelecido na ciência que diminuir a ingestão de carne leva a benefícios para a saúde do coração, mas que alguns fatores como diferenças genéticas, outros hábitos de vida e histórico educacional podem influenciar os resultados de estudos do tipo.

Por isso, eles escolheram trabalhar com pares de gêmeos idênticos, que compartilham os mesmos genes. Além disso, os participantes cresceram na mesma casa e seguiram estilos de vida semelhantes, o que torna os achados do novo estudo ainda mais precisos.

“Este estudo forneceu uma maneira inovadora de afirmar que uma dieta vegana é mais saudável do que a dieta onívora convencional”, diz Christopher Gardner, professor de Medicina e diretor de Estudos de Nutrição da universidade, em comunicado. Sobre os gêmeos, destacou que "eles se vestiam da mesma forma, falavam da mesma forma e faziam brincadeiras entre eles que só poderiam acontecer se passassem muito tempo juntos".

O experimento foi conduzido entre maio e julho de 2022, e contou com 22 duplas – um total de 44 voluntários. Foram selecionados indivíduos saudáveis, sem histórico de doença cardiovascular. Um dos irmãos foi instruído a seguir a dieta onívora (sem restrições), enquanto o outro passou a adotar a dieta vegana, em que todos os itens de origem animal, como carne, ovos e leite, são eliminados do cardápio.

Ambas as alimentações eram saudáveis do ponto de vista nutricional, repletas de vegetais, legumes, frutas, grãos integrais e com a redução de produtos com açúcar. Durante a primeira metade do estudo, os participantes recebiam 21 refeições por semana: um café da manhã, um almoço e um jantar por dia. Nas outras quatro semanas, os voluntários que preparavam a sua própria comida.

A todo o tempo, uma profissional em nutrição estava à disposição para oferecer sugestões e responder dúvidas relacionadas às dietas. Os participantes também eram entrevistados pela equipe responsável pelo estudo para que os pesquisadores coletassem informações sobre a rotina alimentar e o que estava sendo consumido.

Ao fim das oito semanas, 43 participantes completaram o estudo – um voluntário incluído no grupo da dieta vegana desistiu. Ainda assim, Gardner destaca que foi uma alta taxa de adesão, especialmente ao se considerar o caráter restritivo da alimentação sem itens de origem animal.

Melhora de indicadores

Analisando os resultados de exames de sangue de antes e depois do estudo, os cientistas observaram que o grupo inserido na dieta vegana apresentou uma queda significativa no colesterol considerado ruim, o LDL, nos níveis de insulina e no peso corporal em comparação com os que seguiram comendo carne.

Os indicadores foram escolhidos por serem associados à saúde do coração. No início, aqueles do grupo vegano tinham um LDL de, em média 110.7 mg/dL, que caiu para 95.5 mg/dL ao fim das oito semanas. Entre aqueles que seguiram com a alimentação convencional, a taxa passou de 118.5 mg/dL para 116.1 mg/dL. O ideal é que o marcador esteja abaixo de 100 mg/dL.

O primeiro grupo também apresentou uma redução de 20% na insulina em jejum e uma queda de aproximadamente 1,9 kg a mais no peso do que o constatado nos participantes que continuaram com a dieta onívora.

“Isto sugere que qualquer pessoa que escolha uma dieta vegana pode melhorar a sua saúde a longo prazo em dois meses, com a maior mudança observada no primeiro mês", diz Gardner. “Com base nestes resultados e pensando na longevidade, a maioria de nós se beneficiaria se adotasse uma dieta mais baseada em vegetais", continua.

Segundo ele, essas melhorias ocorreram porque os voluntários passaram por mudanças essenciais para a saúde do coração, como cortar a gordura saturada, aumentar a ingestão de fibras e perder peso. O professor diz ainda que “uma dieta vegana pode conferir benefícios adicionais, como aumento de bactérias intestinais e redução da perda de telômeros, o que retarda o envelhecimento do corpo”.

No entanto, ele reconhece que a maioria das pessoas provavelmente não se tornará vegana, já que é uma alimentação extremamente restritiva. Nesse contexto, ele recomenda que aumentar a proporção de alimentos baseados em plantas na dieta já ajuda.


Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2023/12/05/gemeos-identicos-participam-de-estudo-em-que-um-seguiu-uma-dieta-vegana-saiba-o-que-mudou-em-apenas-8-semanas.ghtml?

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