Estudo descobre semelhanças entre microbiota intestinal de neandertais e Homo sapiens (Foto: Wikimedia Commons)
Neandertais já tinham bactérias benéficas no intestino, conclui estudo
Comparação entre DNA extraído de fezes sedimentares de neandertais e intestino do Homo sapiens revela sobrevivência de bactérias associadas ao equilíbrio metabólico e imunológico
Uma equipe internacional liderada por cientistas da Universidade de Bolonha, na Itália, descobriu mais um elo entre neandertais e humanos modernos: a microbiota intestinal. Publicado na revista Communication Biology nesta sexta-feira (5), o estudo revela que uma série de microrganismos benéficos presentes no intestino de hominídeos pré-históricos ainda povoam o nosso.
Sobreviventes desde antes da separação entre o Homo sapiens e os neandertais, há cerca de 700 mil anos, essas bactérias estão por trás da regulação do equilíbrio metabólico e imunológico.
A descoberta foi realizada por meio da análise de DNA antigo de sedimentos fecais de 50 mil anos, localizados no sítio arqueológico de El Salt, perto de Alicante, na Espanha, onde vivia uma grande população de neandertais. Ao comparar essas informações com dados da microbiota intestinal do homem moderno, os cientistas encontraram microrganismos semelhantes entre as duas espécies, como o Bifidobacterium, que desempenha um papel fundamental na regulação de nosso sistema imunológico, especialmente na primeira infância.
“Esses resultados nos permitem entender quais componentes da microbiota intestinal humana são essenciais para a nossa saúde, pois são elementos integrantes da nossa biologia também do ponto de vista evolutivo”, explica Marco Candela, professor do Departamento de Farmácia e Biotecnologia da Universidade de Bolonha e coordenador do estudo, em nota.
Os pesquisadores, no entanto, reforçam um alerta recorrente entre estudos como esse: a microbiota intestinal, formada por trilhões de microrganismos que têm como funções manter a integridade do trato gastrointestinal e controlar a proliferação de bactérias, pode estar ameaçada por hábitos comuns do homem moderno. O consumo de alimentos processados, por exemplo, tem levado a uma redução crítica da biodiversidade dessa comunidade de seres vivos, o que pode levar ao aumento de doenças inflamatórias crônicas.
Dessa discussão vem também a segunda contribuição do estudo, segundo os pesquisadores: ajudar na elaboração de estratégias integradas de dieta e estilo de vida para a manutenção desses microrganismos que permaneceram vivos ao longo de nossa história evolutiva.
“Esse processo de esgotamento se tornaria particularmente alarmante se envolvesse a perda daqueles componentes da microbiota que são cruciais para nossa fisiologia”, acrescenta Simone Rampelli, pesquisadora da Universidade de Bolonha e primeira autora do estudo.
Comentários
Postar um comentário